Quinta-feira, 28 de Março de 2013

DICIONÁRIO «BUÁ-PORTUGUÊS»

 

Graham Mckean

 

Observando o nosso povo, arrisco: já somos velhos no primeiro «buá-buá». Houvera dicionário «buá-português» e dos recém-nascidos o choro seria lamento – “que não, que não podia ser, que estavam tão bem aninhados no útero, era direito adquirido desde a conceção, não tinham sido avisados do aluguer a prazo do lugar, e era injusto, ou lá se era!, verem-se obrigados a, dolorosamente, encher de ar os pulmões.

 

No estado adulto e na essência, as lamúrias, não diferem – somos infelizes ou desafortunados pela incompetência do poder político, pelo sobranceiro domínio do dinheiro (quem diz dinheiro diz petróleo ou água num qualquer amanhã). Pouco mais que traças sem agasalho para esmoerem. Sociedade que ignora a justiça, é cruel e arrivista. Só para os graúdos no «ter» a vida é rosa bebé. Nem para esses, vendo bem: uns esmifrados pelo crescimento dos lucros, sem tempo para a família, para eles, para fruírem dos milhões acumulados, enrolados em affairs de carne ou iates ou de contas bancárias que lhes deem a precária ilusão de vivos numa vida amortalhada. Faltam génios como alguns de outrora: um Newton, Churchill, um Mahatma Gandhi, um Einstein, um Eisenhower, Aristides de Sousa Mendes. Inventivos. Corajosos. Determinados.

 

E há fatia de verdade no reduto da insatisfação. Que não é de hoje - sempre houve e existirá. Fado? Sim por ser natural no pensar humano a ânsia por melhor. Louvável por negar o espírito contentinho no pensar e exigir. Não por que as sociedades são dialéticas e se renovam. Não por nos faltar distanciamento imprescindível para ler os acontecimentos numa perspetiva conjuntural. Não por serem indistintos nos seis mil milhões de terrestres os motores de arranque das mudanças geniais e as hordas de boas-vontades solidárias. E quando os vemos despontar, depressa tentamos aniquilá-los com clichés: lunáticos, excêntricos, incumpridores na peneira do fisco, social ou moral.

 

Quantos anos de cadáver corroído por biliões de vermes são precisos para atribuir genialidade a quem, na atualidade, a possui?

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 07:58
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