Drudwyn, Michel Dooling
Dormimos menos que o necessário. Estudos validados comprovam que vamos para a cama tarde demais. Por isso, dormimos acordados. Por isso, andamos rezingões, invejosos, maldizentes e desconfiados. Pela tensão acumulada que o curto sono não compensa, corremos o risco de encimar a lista dos povos mais chatos do planeta ou o mais perigoso na estrada. É sabido dos 83% dos acidentes fatais na estrada serem devidos ao adormecimento do condutor. Os picos da sinistralidade ocorrem na alta madrugada em que ocorre redução espontânea da vigília - o condutor perde capacidades de decisão fundamentais. Erra. E os portugueses morrem, engordam, diminuem a memória, adoecem com hipertensão, diabetes e fragilizam o sistema imunitário – consequências directa das horas de repouso rapinadas.
O maior militante anti-sono de todos os tempos foi Thomas Edison. Inventou a lâmpada eléctrica e alterou, definitivamente, o ciclo biológico humano ao criar nova luz da noite. Em 1910, média de nove horas dormidas, hoje, sete horas e picos. Edison dormia no máximo cinco horas, talvez, quem sabe?, razão para criar o dia artificial. A Napoleão bastavam menos de seis para se dar por repousado. Einstein carecia de nove ciclos do ponteiro das horas e sobrava-lhe vigília genial para esticar o tempo, curvá-lo, brincar com ele e a matemática.
Faltam-nos sesta e sono nocturno. Não parecendo que a implacável economia venha a prevê-la no ritmo laboral, melhor é deitar cedo e cedo erguer. Para mim tenho que o contencioso português com a produtividade, a matemática e o optimismo aliviava de vez. Em vez de pílulas, sexo, o melhor indutor natural do sono.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros