Sexta-feira, 25 de Março de 2011

NO NIPÓNICO E NO SEM GRAÇA NEM RAÇA

Autor que não foi possível identificar, Graham-McKean, Scott Jacobs

 

Duas histórias, dois restaurantes de Lisboa. Num japonês, amiga jantava com a família; num sem raça gastronómica, colega jantava com amigos. Ambos com televisões excepcionalmente ligadas na espera do veredicto pela voz de Sócrates. Silêncio de sepulcro chegado ao ecrã o P.M.. Ouvida a declaração ‘The game is over!’, diferentes reacções: no nipónico, desde os clientes aos funcionários com origem na terra onde, pelo nome, dizem o sol nascer, de todos, aplauso vibrante. Depois, risos e festa, copos a mais. No restaurante sem graça nem raça, brindes repetidos. O colega mais companheiros levantam taça de vinho barato e imperiais, declarando à vez:

_ Este é pelo subsídio de férias que já foi! Alguém me empresta dinheiro para o seguro da carripana?

Em coro, resposta: _ «Tás» maluco ou parou-te a digestão?

Continuaram:

_ Este pela entrega ao banco da casa onde vivo!

_ Mais um pela ponte que por baixo me irá alojar!

_ Brindo ao subsídio de Natal em Certificados de Aforro como no governo do Cavaco. «Porra»! Onde terei metido o papel para levantar aqueles tostões? E se têm prazo de validade? Estou «fodido».

_ Outro porque este será o último jantar fora de casa em tempos próximos!

_ Ergo a minha caneca à comédia burlesca em que se transformou a política nacional - faz chorar em vez de rir. Somos uns «bacanos» criativos!

_ E vai o último pelo aumento de impostos que me irá elevar ao grau de teso maior entre os tesos. Nalguma coisa seja primeiro!

Acabaram a celebração com sais de frutos e Guronsan, que as ressacas não perdoam misturas e má escolha do tinto.

 

Ao acordarem, diferentes reacções dos protagonistas celebrantes perante as declarações de Angela Merkel: _ "As novas medidas tomadas pelo Governo português para reduzir o défice orçamental foram de longo alcance e apoiadas pelo Banco Central Europeu e pela União Europeia. (…) Sócrates esteve correcto e foi corajoso em levar as novas medidas de austeridade ao Parlamento português para votação.” Os do japonês dizem que a mulher nunca soube metade da missa, os do restaurante sem raça juram o ‘tarde piaste!’

 

Apêndice (des)infectado: hoje, ouvi «cenarizações», derivado de cenarizar que os meus dicionários não reconhecem, e «franchizador». O que aprendo diariamente, deuses! Haja neurónios para tantas aquisições.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 07:03
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Quarta-feira, 8 de Setembro de 2010

QUANDO OS TRÓPICOS SOMOS NÓS

 

Graham-McKean, Ryan Obermeyer

 

Ora o céu acizentou! Bem-haja. Pingou e deixou brilhante, de húmido, o asfalto. A prometer aguaceiros e, não se arme em sovina, chuvadas sérias. Talvez não para já, mas venham elas. Um lençol fino sabe, agora, bem sobre a nudez. É vero manterem-se as persianas semi-descidas e as portadas abertas; todavia, dias atrás, o bafo estiolava a pele e o conteúdo de que ela é continente. Pepineira de que havia fartança.

 

Não fossem as enxurradas em Seia e Chaves, o prenúncio de ‘Outono com todos’ era brinde do calendário. Mas não. Os incêndios lamberam e comeram o que dos solos era sustento, as encostas apresentam careca radical. É abusivo o débito d’águas causado por mini-tufões e outras tempestades tropicais fora de sítio que a desgovernada meteorologia dissemina, seja ou não propício o lugar. Pelos declives rolam lamas e lixo orgânico da terra exposta. Pessoas e economia afectadas prolongam a tragédia incendiária ao serviço da loucura de Neros sem império.

 

Afadigam-se serviços governamentais na sementeira urgente de plantas herbáceas nos solos nus. Antes, foi a limpeza e a desobstrução das linhas de água. Desperdícios na forma de troncos e outros orgânicos constituídas barreiras contra o arrastamento das terras. Não foram os cuidados de emergência, um a dois milhares de anos seria o prazo longo e natural para a regeneração espontânea dos chãos que, até ao drama, eram tapete fofo de carumas, convenientemente vestidos para protegerem as gentes que nas faldas vivem.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:18
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