Sexta-feira, 28 de Novembro de 2014

CHAGALL, O MILIONÁRIO, A GUEIXA E EU

Marc Chagall - Over the city1924a.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marc Chagall – “Over the City”,1924

  

Em 1999, recordo como se fora ontem, conheci de modo próximo em Lisboa um casal japonês que em cada ano, passava vários meses na Europa. Por diversas ocasiões, estivemos juntos quer no Sofitel Lisboa – cadeia de hotéis na qual tinha interesses económicos – quer em minha casa. Ele, um multimilionário idoso, atiradiço até mais não, fazia-se acompanhar da jovem mulher, autêntica gueixa – passo miúdo, quatro passos atrás dele se caminhavam, guarda-chuva(?) aberto em dia de pleno estio não perdesse a brancura imaculada da pele. 

 

Os encontros no restaurante do Sofitel foram inolvidáveis. Esperada, o casal recebia-me à porta, dirigíamo-nos ao lugar de comer acompanhados por funcionário em flexão da coluna até à mesa junta a vidros amplos sobre a calçada da Avenida da Liberdade. Antes, durante e depois do repasto, o chefe da cozinha com avental e chapéu alto brancos indagava o pedido, ouvia, respeitoso a escolha do vinho, atendia ao molho de costume preferido – amargo e picante até mais não! – e, subserviente, manifestava o desejo de saber do contento do cavalheiro. Num jantar no restaurante cimeiro do Tivoli Lisboa, o mesmo aconteceria. E noutros. E noutros.

 

Após as «jantas», subíamos à ‘suite’ no último andar. Champanhe, chocolates em espera. Olhando ao redor, além do magnífico horizonte avistado do terraço, sacos das melhores ‘griffes’, repletos, nos cantos. A gueixa vestida e ornada com Chanel das orelhas até aos pés. E eu, pasmada, tentava manter o queixo erguido perante tudo aquilo.

 

Como a mulher se mantinha em silêncio, o marido e eu fazíamos a despesa da conversa numa mistura de inglês, francês e português rudimentar. Como teria sido útil a utilização do esperanto! Às tantas, vim a saber ter o dito senhor comprado a Marc Chagall os direitos de reprodução das obras do artista. E se eu conhecia, como tantos outros nos anos oitenta e noventa, postais onde figuravam pinturas de Chagall!

 

Viriam a convidar-me para estada no Japão em casa deles nos arredores privilegiados de Tóquio. O fim último deste conhecimento não me cabe a mim revelar – que o faça quem, na altura, me acompanhou e foi envolvido.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:00
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