Da árvore vestida de carmim, ignoro o nome. Mas abunda na cidade, enfeita ruas anónimas, suaviza designs sóbrios dos serviços com verdes plantados na frente ou escondidos detrás – descerradas gelosias normalmente protegidas por telas espessas que cegam o exterior não se desconcentrem os servidores, emprestam colorido à cinza do ‘lufa-lufa’ diário.
A armadura de alumínio e aço revestido desenha, por baixo, o céu, por cima, o solo coberto de cubos maljeitosos e calcários a que é comum o nome de calçada. Falta basalto embutido para ser portuguesa com esplendor. Assim, é minimalismo projectado em ateliê de arquitectura paisagista. Mas gosto pelo bom gosto de filtrar o sol sem o encobrir – pecado isento de perdão seria apertar o entrançado de modo a eliminar calores próprios de épocas comandadas pelas rotações da esfera/pêra em torno do Sol.
Espaçadamente entreaberta para as colinas à beira denuncia redondos perfeitos de alfazema que impõem suspeita de manipulação laboratorial em detrimento das naturalmente espigadas e selvagens nos campos e quintais. Do Tejo p’ra cima, o lilás perfumado ainda é ausência. P’ras bandas do Sul já empina flores. O candeeiro, outros desenhados e plantados no lugar em tudo distintos, é simples, vulgar sem que infrinja de modo atroz a sedução ali sítio, jamais sitiada.
Magnólias. A folhagem é prova. Adolescência no porte, promessa impressiva em advires. Por ora, as pétalas suculentas não existem. Serão brancas, rosa ou aproximadas do grená? Ó minha árvore preferida a par dos jasmins, no momento palavra censurada na China não se arregimentem contestatários à ditadura, quando respondes à cor?
A primeira papoila do ano, as miúdas cor-de-fogo, os selvagens malmequeres na roda cerca dos troncos velhos de oliveiras novas. E o tempo passa e não saio dali. Sento-me à beira delas até o corpo sentir a água da rega. Vindos jardineiros rapar excedentes insubmissos ao desenho rígido do parque, desaparecem. Enquanto são, aproveito.
A brancura das pedras/fronteiras não impede o aproximar da água que corre para lugar algum que parece nenhum. Aves aquáticas compõem bordas.
Os limos, afinal e como era suspeita, são lábios últimos a desvendar. O pisar das pedras (cascalho gordo?), das madeiras permitem sentir nos pés diversidade de texturas. Felizes, detêm-se. Fotografam. As tábuas registam o momento pela sombra da mulher.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros