Sábado, 19 de Março de 2011

NUM DIA DE S. JOSÉ

 

Mati Klarwein

 

Homenageio os pais, em particular aqueles que, pelo divórcio ou conjunção da vida sofrem com o afastamento quotidiano dos filhos. É ido o julgar que enformou gerações de à mãe pertencer responsabilidade maior no desenvolvimento da criança. Na sociedade que temos, ninguém com nível mínimo de análise conceptual nega importância à figura masculina, consubstanciada no pai, ou quem dele pelo amor e dádiva faça a vez, essencial para o ser humano evoluir harmonioso.

Perante os filhos, às mulheres compete respeitar e valorizar o homem que num momento de amor ou de união entre corpos gerou. Quando a fuga às responsabilidades paternas não é facto, e mesmo nesta situação, haja bom senso da mãe ao referir-se ao pai dos seus filhos. Disseminar injúrias corrói os íntimos afectuosos das crianças – crescer num mar de ódio entre os pais, ambos amados, é agressão imerecida. Em famílias ditas ‘normais’, a super-protecção das crianças pela figura materna e exercício da autoridade pela figura paternal é erro crasso de que somos também culpadas – o leite da tradição corre-nos nas veias e ninguém dele beneficia. Mais digo: as mães que assim exercitam o seu amor pelos filhos comprometem da família o bem-estar e o futuro, esquecendo a sensibilidade à injustiça das crianças e as consequências do repetido desgaste da imagem do pai. Cedo ou tarde, chegará o dia em que o erro bem intencionado(?), erro porém, será pago com dolorosos juros.

Vão difíceis os dias para a família - ansiedades, cansaço, dificuldades condicionam o comportamento que os pais têm por ideal. Importa a humildade no reconhecimento de ser feito o possível via diálogo e exemplo. Sem culpas ou frustrações, vivamos os afectos maiores com paz, alegria e verdade.

Aos pais que escrevem no SPNI desejo vivência feliz com os filhos.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 10:09
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18 comentários:
De c a 20 de Março de 2011
«...
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.

Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.

Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.

Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.

Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.

Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.

Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.

Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?

Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!

Os jovens que detêm estas capacidades/características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).

Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estão à rasca.

Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.

Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.

A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.

Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço?

Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma generalização injusta.

Pode ser que nada/ninguém seja assim.»

De c a 20 de Março de 2011
Havia...

«Há mais de 150 mil portugueses sem o nome do pai no Bilhete de Identidade. A maioria tem mais de 35 anos, até porque ser filho de pai incógnito é uma realidade que a lei forçou a diminuir.

Ainda assim, segundo dados do Ministério da Justiça MJ ) fornecidos à agência Lusa, mais de oito mil crianças com menos de 15 anos não têm paternidade definida.

"Divergências entre progenitores, comportamentos de risco ou fatores sociais [como filhos nascidos de pais não casados antes de 1976] conduzem a que muitas vezes fique omissa a paternidade na declaração de nascimento", refere o MJ .

Antes do 25 de Abril, nascer fora do casamento era ser ilegítimo e muitas mulheres suportaram sozinhas a educação das crianças.

151 889 filhos de pai incógnito

"O peso da palavra era esmagador e de uma tremenda injustiça. A ilegitimidade era não reconhecer o filho e envergonhar-se de o ter tido", diz o pediatra Mário Cordeiro.

Dos 151 889 portugueses com paternidade desconhecida, 108 195 tem acima de 35 anos (mais de 70 por cento).

É o caso de Paulo, que prestes a completar 40 anos nunca foi assumido ou procurado pelo pai e tem no BI uma lacuna que surpreende muita gente.

"Quando casei, fui tratar da certidão de nascimento e a funcionária pensou que havia um erro. Ficou incrédula com a falta do nome do pai", conta à Lusa.

Paulo soube desde cedo a sua história. A mãe assumiu-lhe sempre que o pai não o quisera, contando-lhe todos os pormenores, inclusivamente quem era o homem que biologicamente o tinha gerado.

"Não tenho memória praticamente de nada da minha infância"

"Curiosamente sei bem quem ele é. Já me cruzei profissionalmente com ele várias vezes, até porque quis o destino que seguisse a mesma área. Já lhe falei, já lhe apertei a mão até, mas ele não sabe quem sou. Porque nunca quis saber", relata.

Garante que nunca teve vontade de o confrontar e que agora convive bem com a ausência de apelido paterno. Mas admite que a situação teve consequências: "Não tenho memória praticamente de nada da minha infância até aos sete anos".

Para o pediatra Mário Cordeiro, a verdade contada "de forma calma e progressiva" pode mitigar a desilusão e a dor: "Mas há sempre alguma dose de perplexidade e de sentimento de rejeição".

"As pessoas aguentam muito. E o passado não é necessariamente o futuro. As crianças não estariam condenadas à partida, porque poderiam encontrar outras pessoas de referência que representariam a figura psicológica do pai", defende.

Casos de rejeição de filiação são hoje mais raros, até por imposição legal, com a alteração ao Código Civil em 1976, que pretendeu salvaguardar os direitos fundamentais das crianças.

Além da falta de obrigação legal de filiação, na década de 70 a ciência não dispunha dos meios atuais de determinação da paternidade.

Vantagens da exigência da filiação

"Esta mudança teve um impacto enorme na qualidade de vida das crianças", refere a socióloga Vanessa Cunha, "na medida em que o estabelecimento da filiação poderá abrir a porta à construção de uma relação entre pai e criança, que de outra forma poderia não acontecer, pelo desconhecimento da situação, pela dúvida".

Também para Mário Cordeiro as vantagens da exigência da filiação são claras "para a criança, para a mãe e para a construção de um país baseado na responsabilidade e na exigência de rigor".

O pediatra sublinha que a nível europeu há até leis que "comprometem estrangeiros que 'façam filhos' quando estão de férias noutro país".

Atualmente , em Portugal, sempre que há um registo de nascimento com paternidade omissa é enviada certidão ao tribunal para processo de averiguação oficiosa.

Nos últimos três anos, entraram nos tribunais 6364 processos, uma média de cinco casos por dia.

E estes processos parecem estar a aumentar: em 2009 houve mais 598 processos do que 2008 e mais 895 do que em 2007. Nem todos conseguem ser resolvidos.»

http :/ aeiou.expresso.pt mais-de-150-mil-filhos-de-pai-incognito-em-portugal =f584511
De c a 20 de Março de 2011
E continua a haver...

«Pais incógnitos
Mais de Dois mil bebés sem registo do nome do pai

por CÉU NEVES E FERNANDA CÂNCIO 15 Abril 2009

Apesar de nascerem cada vez menos crianças, aumenta o número de processos de averiguação oficiosa de paternidade e maternidade. Entre 2006 e 2007, houve uma subida de 6,2%. Mas menos de metade destes casos acabam com a perfilhação. Em Portugal, continuam a existir filhos de pai incógnito apesar de desde 1977 a lei não o permitir.

"Era médico-dentista e a polícia foi buscá-lo ao consultório. Não admitiu mas quando saiu o resultado da análise não lutou mais. Quando engravidei, não estava à espera de que ele viesse viver comigo (era casado e tinha um filho) mas nunca pensei que ele se recusasse a assumir a paternidade e com aquela veemência." Maria tem 50 anos. A filha, de 17, fez parte do número de crianças registadas "sem pai" no ano de 1992 e que, de acordo com os dados do Ministério Público tem vindo a aumentar. Em 2007 representavam já 2,2% (2300) dos nados vivos.
...»
http :/ www.dn.pt /inicio portugal /interior.aspx?content_id=1201786

Sociedade Civil

http ://sociedade-civil.blogspot.com/2010/03/filhos-de-pai-incognito.html

És mesmo Josué

http ://esmesmojosuee.blogspot.com/2008/06/filho-de-pai-incgnito.html
De c a 20 de Março de 2011
Haja fontes ;-)

Depois daquela "Geração à rasca" ter aterrado vinda da Austrália (!!!) verifico que uma parecida vinda duma estação de rádio... conduzia às fontes, em forma de «Assobio/Assobio Rebelde» ;-))

http://assobiorebelde.blogspot.com/2011/03/geracao-rasca-nossa-culpa.html

E parece que quem assim assobia não o faz p'ró ar...

De Maria Brojo a 20 de Março de 2011
C. - adorei a sua transcrição. Li e reli. Perfeita. Num dia destes, adopto-a citando a fonte.

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