Sexta-feira, 8 de Abril de 2011

"RUAS DA AMARGURA"

Denis Peterson, Deborah Poynton

 

É retrato de vidas desgarradas. Imagem objectiva dum lado de Lisboa que não consta dos roteiros turísticos e se assemelha a outras nas variegadas partes do mundo. É filme, curta-metragem, documentário. Dirigido por Rui Simões, necessitou uma década para a feitura. O realizador andarilhou pelos negrumes da cidade. Levantado o dia, esfumam-se na pressa doutros andarilhos que estugam passos nas ruas; estes, integrados no ramerrame socialmente convencionado ou nem por isso, parecem competir com o rodar dos pneus que atafulham vias e vidas.

 

Foram precisos anos e anos para Rui Simões estabelecer laços solidários com os futuros protagonistas até a confiança mútua soltar a fala dos esquecidos nas urbes. Sem voyeurismo ou lamechice, mas com ternura, a indiferença não resiste diante da partilha, das experiências em histórias algumas. Os sem-abrigo deram vida e receberam horas de companhia povoada de conversas/desabafos cruéis, lúcidos. Neles cresceu a auto-estima ao saberem-se protagonistas e que os seus dias seriam filme. O Sr. Moedas e os demais assistiram à estreia na Culturgest. Apresentaram-se no seu melhor, sacolas, edredãos e o resto que é a casa nocturna guardados em bom recato na carrinha que os transportou. Rigoroso, o Sr. Moedas não prescindiu da garrafa no interior da sala. Ele é o homem que canta Brel e Aznavour num francês invejável. Ele é o homem que deixa rasto de amigos na cidade. Eles não são os loucos de Lisboa, embora a rua por casa possa motivar demências.

 

Atrevo-me a considerar “Ruas da Amargura” obra que merece serão em família, jovens e adolescentes incluídos. Pretextará conversa sem falsas pedagogias. E agora que o pior é esperado, que especialistas reflectem a saúde mental dos portugueses no quadro novo imposto, que haja tempo para a hora e três quartos do filme.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 08:59
link | favorito
De Júlio Valentim Dias a 8 de Abril de 2011
Estou a ver o telejornal e lembrei-me que ainda hoje vi isto. Tantos fatos, tantas gravatas, tanta massa bancaria e encefálica. O que vi em dois ecrãs em simultâneo era "Todo o Mundo e Ninguém" de Gil Vicente na melhor encenação.
Tomei a liberdade de lhe roubar o clip e partilhá-lo no Facebook.
Para si o meu abraço
Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.

últ. comentários

Olá. Posso falar consigo sobre a sua tia Irmã Mar...
Olá Tudo bem?Faço votos JS
Vim aqui só pra comentar que o cara da imagem pare...
Olá Teresa: Fico contente com a tua correção "frei...
jotaeme desculpa a correcção, mas o rei freirático...
Lembrai os filhos do FUHRER, QUE NASCIAM NOS COLEG...
Esta narrativa, de contornos reais ou ficionais, t...
Olá!Como vai?Já passaram uns meses... sem saber de...
continuo a espera de voltar a ler-te
decidi ontem voltar a ser blogger, decidi voltar a...

Julho 2015

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

pesquisa

links

arquivos

tags

todas as tags

subscrever feeds