À mulher recostada no sofá, fosse pela tepidez da noite que entrava porta-janela adentro, fosse pelo filme menor, uniram-se as pálpebras dormentes, pendeu-lhe a cabeça. Dali para o conforto da cama, passos curtos. Acordaria repousada, sorriria à manhã de sol descoberta por cada centímetro de estore subido. Ligou a rádio com automatismo no gesto, espreitou o verde luminoso nos plátanos jovens da rua e, enquanto o ‘café das velhas’ fazia, ouviu:
- redução histórica da despesa nacional – em comparação com período homólogo do ano passado caiu 3.7%, com pessoal diminuiu 8%; a receita fiscal aumentou 15%, a maior subida desde há uma década, o défice do Estado diminui 60%.
- António Costa, por dois anos, desde há uma semana que despacha a partir da nova casa da Câmara de Lisboa sita no Intendente. Ainda a cheirar a tinta, minimalista no espaço e recheio, o Presidente da cidade (uma de muitas) dos genes mouros pretende que a área cuja fama duvidosa inspira temores adquira face confiante, que gentes voltem a habitá-la, que Alfama, Mouraria e Castelo sejam requalificadas com respeito pela ambiência histórica.
- em vez inaugural, três equipas portuguesas estão nas meias-finais da Liga Europa. Final com uma, garantida; entre duas, possibilidade.
Propensa à felicidade das coisas pequenas, sorriu com os lábios e o olhar. Enviou p’ras malvas receios que suscitam o alojamento do FMI durante dez anos em Portugal.
Bebericando o leite frio de sempre, sem despegar pupilas das folhagens envasadas e substituem, mal, o jardim beirão, declarou-se oficiosa e oficialmente feliz. Encadeou o sentimento com o pensar: _ E se a catástrofe das contas nacionais tivesse explodido no Inverno dos dias cinza e pingões? Muito pior seria pela macambúzia meteorologia. Assim, alguns portugueses despediram-se do ‘menos mal’ até agora vivido, esgotando destinos para férias mini além das fronteiras. Ao regressarem, que nos aeroportos surja, especado, o pior – a pele dourada, os recuerdos, a alma cheia de bem-bom são muralha defensiva. Tristeza somente quando as memórias se desvanecerem, remetidas a registos com muitos pixéis.
Dizem,re por vezes bem,os católicos e cristãos que o que nos salva é fé. Arredada com ou sem razão a fé deixou de ser motivo de esperança para quem desespera. Como deixa transparecer a Teresa na sua crónica o que nos vai salvando é este doce clima. De facto como seria naqueles dias em que fechamos os estores por se não suportar o nevoeiro e bruma envolvente? Telvez nos restasse,se o houvesse, um carinho e um afago e a ternura da nossa companhia. O clima tem destas coisas breves mas agradáveis. Tudo é esquecido na suave Primavera.
Já não vai ficar à míngua... e pode dedicar uma maior dose do 'magro salário' a 'encher a alma de bem-bom' e assim enfrentar, de pele dourada, o monstro que a poderá esperar no fatal aeroporto da felicidade.
Artemios (Demis) Ventouris Roussos (born June 15, 1946) is a Greek singer. He was born in Egypt to ethnic Greek parents George and Olga, and raised in Alexandria. His parents lost everything and moved to Greece after the Suez Crisis.
Estava a vê-la entre 'alguns portugueses esgotando destinos para férias mini...'
Já que não parte, fica na companhia do coro :-( ...
Com esta da austeridade, meu senhor nem sequer da para ir desta pra melhor os funerais estão por um preço do outro mundo dá pra desistir de ser um moribundo
Rabugenta, eu? Não senhor eu hei-de ir desta pra melhor mas falo pelos que cá deixo não é por mim que eu me queixo
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E saúde, eu tenho p'ra dar e vender não preciso de um ministro para ter tudo o que ele anda a ver se me pode dar pode ir ele p'ro hospital em meu lugar
E quanto a apertar cinto, sinto muito Filosofem os que sabem lá do assunto Mas com esta cinturinha tão delgada Inda posso ser de muitos namorada
Se eu não morasse aqui mas tivesse ouvido falar 'disto' ia dizer que você acaba de descrever uma ilha de exilados malucos e de índole pouco recomendável ou mesmo perigosa - nunca me senti tão pouco'isto' e você brinca... enquanto eu penso.
Qu'a Santíssima Trindade a proteja, mesmo com aqueles rodriguinhs todos que 'meteu' no texto.
OLá Teresa: Eu não me "iludia" com essas "boas novas"! E logo agora! Nesta fase do campeonato,(com a excepção do futebolês portuga, que me vai dando uma alegria "dragoniana"), bem, dizia eu, que agora tb. quero ver até onde a peça vai, com os artistas superstar do FMI, e os nossos actores(politicos) nacionais a verem sentados na plateia o seu sapiente desempenho! Quero ver até onde vai o nosso poder de encaixe, feito de muitas situações de faz de conta, de meter a cabeça na areia, não querer ver a realidade! Eu por minha parte durmo descansado(ainda), porque nada me atormenta de pecados cometidos para que esta confusa situação se tivesse instalado! Palavras como Poupança, bom senso, responsabilidade, realismo, pragmatismo fazem parte do meu léxico, mas tenho visto muitos "antónimos" fielmente praticados e num encolher de ombros, que arrepia, porque o abismo está aí bem perto! E não me considero uma pessoa pessimista, mas já começo a ficar farto de todo um modo de fazer cidadania suicida! Enfim nem todos acordam com o mesmo sentido de humor, ou se calhar estou num bad day! Quem sabe! Mas ganhamos no futebol nesta Europa de dias contraditórios Um bom fim de semana para a minha Amiga!...