Sábado, 30 de Abril de 2011

NO ESCURINHO CÚMPLICE

Elizabeth Taylor por Baron Von Lind

 

Porque me serve a pele d'hoje, reposição.

 

Doces, subservientes, ingénuas ou malvadas, temperamentais, sedutoras. Lindas, todas. Musas de realizadores e costureiros cujo renome transtornava a cabeça das mulheres. Plissados? Preto e branco? Drapeados? Pérolas e laçadas? A Bouvier (Jackie Kennedy) usa? A Ingrid Bergman também? E repetiam, e zurziam as costureiras não sendo perfeitas as cópias dos figurinos. Entre alfinetes e alinhavos, desfiadas exigências como contas do rosário que sabiam de cor. No "mês de Maria", terço rezado diariamente. Porque sim e pelo sim, pelo não.

 

Era a época do celulóide _ os polímeros haviam nascido nos forties. Dos mitos nados em Hollywood, França e Itália. Deles, fora do tempo em que nascera, teria memórias complementadas pelos filmes que a Cinemateca passava. E a mulher viu, mais tarde, o que a mãe lhe contara. Do escândalo com a nudez da Bardot que admirava. Dos casamentos múltiplos da Taylor. Das paixões engendradas nos estúdios. Da Bacall, da Loren, da Katherine e da Audrey Hepburn. A Katherine, pelos anos trinta, chamada 'veneno de bilheteira' _ dos 15 filmes realizados nessa década, a maioria foi fracasso económico. Pelos quarenta, seria a eterna amante de Spencer Tracy. Depois princesa, Grace Kelly. E a miúda aprendeu. No ecrã, regrediu ao tempo em que não era. Aprendeu a ver e escolher cinema que bem a sentasse no ‘escurinho’ cúmplice. Por isso trauteia ainda, da Rita Lee, "No Escurinho do Cinema". 

 

A mulher, sem dar conta, tomou por seus gestos e tiques: como descalçar meias de liga, despir um vestido, atirar para o lado os sapatos mesmo se o desejo é mandador. Viria a recontar contos do cinema. Partilhar clássicos com os filhos. Gerações cinéfilas que persistem em filmes de autor. Se independente, esperam diferença/surpresa. Novos actores e actrizes descobertos no escuro da sala onde o ecrã foi e é protagonista. Como a mãe. Como a avó.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 08:06
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
25 comentários:
De -pirata-vermelho- a 1 de Maio de 2011
E se era para mostrar reconhecimento tinha isto
http://www.youtube.com/watch?v=X1dbEWebo5Q
Talvez não seja tão decorativo mas ninguem se lembraria de questionar esta senhora como cantadeira


(já me estragou o santo domingo de deus... deus a meta -p'a castigo- num condomínio fechado com a Cristina Branco a cantar o fado )
De Maria Brojo a 2 de Maio de 2011
Pirata-Vermelho - adivinhe a minha face contristada com a ameaça...

Da alternativa somente tenho bem a dizer. Porém, no meu estar d'hoje prefiro a outra. É pecado, faz mal?
De -pirata-vermelho- a 2 de Maio de 2011
mal faz perguntar se faz mal sabendo que mal faz
De Maria Brojo a 2 de Maio de 2011
Pirata-Vermelho - jamais lhe faria mal ou lho desejaria por este ou qualquer outro meio. A minha estima pelo meu Corsário não tem limites.
De cao a 2 de Maio de 2011
Desculpem lá pois entre o homi e a mulheri na metas a colheri....

Mas e este faduncho do alentejano ou é de riba do Tejo?
You tube

nem tudo é cantiga-FMI
De Maria Brojo a 2 de Maio de 2011
Cão do Nilo - é de todos. Que grande achado!

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