Teresa C. (da primeira e ingénua tentativa a óleo, décadas atrás, a uma tela que homenageia Manuela Pinheiro)
Abençoada vida de trabalho que gratifica e dá pão! Malvada vida de trabalho que nos arreda de berços e deles não permite cuidar com o afecto merecido!
Comum é serem as férias invariavelmente curtas para lograr atingir objectivos múltiplos – preservar, afagar, pintar, sonhar na presença de horizontes longínquos vistos no silêncio atento dos terraços, escalar a montanha tão próxima e vista desde a madrugada até ao anoitecer, viajar, ler, amar. Existem fugas precárias que para o necessário não chegam. É sofrimento o desconsolo pelo incipiente feito em tão breve intervalo. É alegre sentir o almejado, experimentar a doçura do cumprimento de um passo de muitos mais para a frente desenhados. Mas a saudade/memória incontida gera ansiedade de concluir projectos que a dignifiquem. E a mulher propõe-se vazar amor em actos e música e galochas e ancinhos e telhas de canudo em falta e tintas e cal e membros arranhados pelos silvedos que a fertilidade do solo propicia crescerem. Balcões e escadas entre socalcos entupidos. Como estará a mata que até à estrada subida na montanha alonga o abraço dos pinheiros e faz margem? Mais vida de trabalho traduzida em semanas até responder à inquietação.
Não se me dava abandonar a moura cidade/capital, mudar vida para locais profundos onde o respirar tranquilo fosse direito e respeito a parte daqueles donde vim. A que mais me interpela e diz. Haveria tempo para brincar com a paleta dos óleos, para livros, para amores que fazem da Teresa C. quem é.
CAFÉ DA MANHÃ
Vídeo dedicado à querida amiga, pintora maior e mestra, Manuela Pinheiro.
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