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Na demência senil, sofrimentos e dias/refúgio em conchas individuais. Variante de Alzheimer. Memória ampla do passado que arriba inesperado, esquecimento total do ocorrido há escassas horas. Sofrem amores filiais, da família próxima, outros enlaçados por amizades antigas. O doente não dá conta do mal presente no dia-a-dia, salvo por breves instantes. Nestes, lamenta o estado, sente-se inferior, para tudo obliterar após. E o quotidiano corre alheado, igual como refúgio e segurança.
À família consciente de não ser institucionalização remédio, antes agressiva medida que vitimiza o paciente, restam amor e paciência infinitas. E vêm à memória idos graciosos da pessoa completa, neurónios despendendo os mínimos 20 Watts hora próprios de humanos saudáveis – raciocínios perfeitos, humor imbatível, energia e dinâmica muitas, generosidade, dádiva. Filhos e netos lembram do idoso, enquanto são, anos perfumados como maçãs camoesas, glórias perante os amigos nas alegrias das férias vigiadas pelos avós enquanto de meia-idade.
As leis do trabalho não facilitam cuidados dos descendentes que não prescindem de cuidar os queridos idosos. Faltas laborais ditadas por acompanhamento de doentes/amores/pais não têm o justo enquadramento legal se a morada for distinta. Que sociedade é esta em que a cada mês fecham centros de enfermagem – quem mora na Ajuda tem o centro mais próximo em Campo de Ouriqe ou noutra colina e para ser aplicada injecção não prescrita pelo médico de família sobem esconso andar, degraus roídos pelo caruncho? Escasseiam apoios de cuidados paliativos. As famílias protectoras merecem apoio médico e de enfermagem domiciliário sem que pela fatalidade tenham de acartar os doentes queridos dumas bandas para outras.
CAFÉ DA MANHÃ
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Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros