Mati Klarwein
A ideia surgiu em 2004. Um jovem habitante de Londres regressou à Austrália onde nascera. Em Sidney, assolaram-no desgostos: divórcio dos pais, doença grave da avó, rompimento com a namorada. Não optou por um copo para esquecer e outro para o caminho ou qualquer outra alienação para suavizar mágoas - antes preferiu estreitar relações com os próximos. Viria a receber duma desconhecida abraço espontâneo e caloroso. De tal modo o gesto o sensibilizou, que decidiu distribuir abraços na Pitt Mall Street. Juan Mann, nome que adoptou devido à pronúncia inglesa ‘one man’, postado sempre no mesmo lugar e nas quintas-feiras à tarde, abraçava passantes.
Fortuna do acaso, cruzou-se com Shimon Moore, vocalista da banda Sick Puppies que o filmou, bem como a tentativa policial de o impedir de abraçar quem consentia no gesto. Ao falecer a avó do ‘One Man’, Shimon, solidário, ofereceu-lhe e colocou no YouTube o vídeo que gravara, ‘Free Hugs’. A ideia correu mundo e muitas organizações a adoptaram. Hoje, nas Baixas de Lisboa e Porto, serão distribuídos abraços sorridentes por quem aderiu à iniciativa lançada no Facebook.
O poder de um gesto que transporta afecto solto mas genuíno é, por vezes, miraculoso neste tempo de frialdagem emocional e mau viver. Talvez o instante rompa quotidianos cinzentos. Talvez nasçam sorrisos. Talvez o regresso a casa seja mais esperançoso.
_ Vai um abraço?
Conquanto já pródiga no riso e no toque, isto digo e direi, coração aberto, a todos que aqui ou nas relações familiares e sociais encontre, pressentindo necessidade de atitude calorosa. Mera cópia? _ Sim. E copiar não pode inovar quem o faz?
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros