Andrew Valko
Sol a rodos, após manhã sombria – do recorte da serra nem vislumbre pelas nuvens cinza que dela escorriam. É comum nestas bandas – muitos transpiram no Sul, outros sorriem pela frescura que, mesmo em noite de cantoria de grilos, pede manta de lã pura em cima dos joelhos se a leitura ou um filme ou amena converseta estimulam o serão. Portadas sempre abertas, que estes breus estrelados requerem panorama inteiro e aconchego quente nos sofás. À mesma, alças e algodões finos (des)cobrem a pele ávida de ar leve pela pressão diminuída que os quase novecentos metros de altitude justificam.
Pelo acordar, aberta a porta do terraço superior, no cadeirão em frente da montanha continua a preguiça 'do olho aberto, outro não'. Remata o inspirar da brisa matutina, o copo de leite gelado, a xícara de ‘café das velhas’ tomado com vagar. Não há pressas, urgências não atordoam, a família dorme marcando ainda os ponteiros as sete. A doce música do silêncio embala o começo de mais um dia serrano denunciado pela luz coada.
Pelas doze horas, o Sol já nele faz naufragar o horizonte longínquo que, enganoso, parece mesmo ali ao alcance de caminhada breve. Mas não – a experiência andarilha diz que em menos de quatro voltas do ponteiro maior do relógio não é chegado o cimo. Seja como for, e por do longe o perto a gente fazer, é prá amanhã acertado madrugar, mochila às costas, calçado montanheiro e guarda-vento protector do frio que o Sol nascido não logrou tempo para o amenizar.
À tarde, é tempo do nada ou de biquíni mínimo sobre o corpo alongado na espreguiçadeira – entre a latada e o pessegueiro ajoujado de frutos em seu crescer, «bucho» aparado à beira, a pele, dengosa, recebe “UVs” amigos e deixa-os penetrar. Livro na mão, câmara a jeito, gozo infinito, é, depois, chegada a hora do duche, dos afagos com creme hidratante, duma sopa e pouco mais. A esperança num amanhã idêntico, mais a certeza de sono fundo pela não parança diária, induzem passagem para benfazeja outra margem.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros