Segunda-feira, 8 de Agosto de 2011

VENENO NA DESCIDA DO PRADO

Malin Grön

 

Nos pequenos aldeamentos rurais, o Presidente da Junta é autoridade que muito importa aos moradores e suscita respeito assim cumpra com dignidade as funções. É o caso na aldeia onde moradia do princípio do século resiste aos ventos e geadas e trovoadas e nevões que pintam de alvura o visível.

 

Num domingo, O Sr. Mário, personagem descrita atrás, cruzou o Sr. Presidente enquanto bebericava o café pós-almoço acompanhado pela mulher. Fino como alho, não esqueceu a urbana Maria, regressada em cada Agosto, para quem trabalha mais por amizade de anos que por interesse na paga.

_ Ó Sr. Presidente, sei que às Juntas não sobram cêntimos. Será que a Câmara não colabora por via de máquinas e é alargado o caminho público que serve propriedades, entre elas, a da Doutora Maria? De mau carreiro, somente trezentos metros até á quinta da senhora. Beneficia ela e quem o lado direito cultiva.

_ Olhe que a lembrança vem a propósito: a Junta acabou de receber umas migalhas tendo como destino prioritário os caminhos públicos. Peça o Mário autorização à dona que bem conheço e cuja família prestou bons serviços à aldeia. Não esqueça que as máquinas vão comer pedaço duma borda da propriedade. Do resto encarrego-me.

 

O Sr. Mário, mais a Fátima*, companheira desde o nó abençoado, de pronto, arribaram à moradia na urbe. A designada ‘doutora Maria’ cirandava pelo jardim enchendo um balde com restos secos das podas. Acabara de estender máquina de roupa, que isto de fins-de-semana ausentam a Leonor*. Sentados no jardim à sombra duma latada, a boa nova encheu de alegria a Maria – há quase uma década que às sucessivas Juntas de Freguesia tinha sido feito idêntico pedido pelos homens da família. Sem sucesso na demanda, partiram e recebem agora velas acesas e flores nas campas. A cuidadora-mor* rejubilou por ela, pelos amores defuntos, pela família inteira.

 

Nos assentos cobertos pela latada de videiras mal cuidadas - ausências longas dão em desastre - Fátima, Maria e Mário comemoraram, comentaram a observação de coscuvilheira que podia ser figura vicentina. Olhando a Maria e o Sr. Mário descendo do Prado numa incursão de medidas, rezou assim:

_ Então, sempre em redor da casa? Bem precisa que olhe por ela. E tu, Mário, não trouxeste a Fátima para vos fazer companhia no ror de tempo que lá passaram?

 

* Personagens descritas anteriormente.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:35
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5 comentários:
De Veneno C. a 8 de Agosto de 2011
Descendo da ilustração venenosa, Jano sé lo que decir... pero que las hay!

«Jano (em latim Janus) foi um deus romano que deu origem ao nome do mês de Janeiro.

Era o porteiro celestial, sendo representado com duas cabeças, representando os términos e os começos, o passado e o futuro. De fato, era o responsável por abrir as portas para o ano que se iniciava; e como toda e qualquer porta, se volta para dois lados diferentes.Por isso é conhecido como "Deus das Portas".»

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/Young_Folks'_History_of_Rome_illus042.png
De Veneno C. a 8 de Agosto de 2011
Será que desceu à cidade para ver a chegada da Vuelta ?

Quanto mais prima...

http :/ foruns.pinkblue.com /showthread.php?92126-quanto-mais-prima!!!...

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