Domingo, 4 de Setembro de 2011

‘LÉ COM CRÉ’?

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Mãos livro, mãos disfarce, mãos. Do trabalho, revelam calos – enxós e enxadas endurecem a pele como uso de pasta com quilogramas em dossiês; diferentes as zonas coriáceas, idêntico o labor como razão. Unhas castigadas são testemunho de vida carregada de esfregões, óleos, terra, giz. E de mais: que lutam e renegam o ficar no regaço em calmaria indiferente se os dias tremem. Quando brilhantes pelo verniz, apenas contam arranjo de véspera. Mas é através da pele que o escondido fala. Se rugosa e manchada conta idade ou envelhecimento prematuro por culpa do esgalhar quotidiano ou da falta de cuidado. Áspera e feminina, delata lixívias, detergentes, roupa torcida com esmero, agulha de quem costura ou cose peúgas, desinfecção frequente que creme não trata. Por tudo, soe mentirem as mãos quando observadas levianamente. Precisam do complemente do olhar e da fala e do pensamento nela expresso para mais dizerem – o trajar é falácia que convém manter arredia. Fossem organizadas duas carreiras, uma com fotografias de mãos desligadas do contexto e noutra, rol de profissões, é de duvidar jackpot no acerto de ‘lé com cré’. O gesticular ajuda a abrir a página certa do dicionário das mãos. Mãos quietas que não condigam com emoções transmitidas alvitram suspeitas da autenticidade no sentir, contenção ou cartesianismo em dosagem elevada. Mãos agitadas quando o relato é sereno denunciam incoerência entre a paz aparente e o turbilhão interior. Suscitam curiosidade sobre o ausente no narrado. Manda o bom senso e o respeito pelo outro evitar perguntas, salvo se evidente a necessidade de aliviar carga que amachuca quem discorre. Ainda assim com cautela, não quebre o cristal íntimo. Motores da «psi» também, escolhidos os instantes, necessitam de empurrão que os façam entrar no andamento preciso ao dono ou ao servo ou a ambos à vez, à vez.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 07:08
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4 comentários:
De adjudicium a 4 de Setembro de 2011
sinas ...

;_)))

De Cão do Nilo a 4 de Setembro de 2011
Aqui tem para a troca Teresa C.:

As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967
De Cão a 5 de Setembro de 2011

Ah a "musca:

http://youtu.be/T75m6mDcBuo
De adjudicium a 5 de Setembro de 2011
admirável ;_)))

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