Oito e meia à porta do «tem-tudo» para construção. 'Café das velhas' tomado, vestimenta à trouxe-mouxe, do cabelo os múltiplos caracóis penteados com os dedos. Água gelada na espera das nove que a porta abrisse. Até às dez, foi um papar de buchas, torneiras, «bichas» macho e fêmea ou somente fêmeas, mais roscas e torneiras e autoclismo e lavatório e o mais que não lembro. Uma fadiga, não fora o fim último deixar daqui a meio ano bem contado num brinco casa inabitada da família.
Os mais queridos, salvo um, garantem que ensandeci pela troca de paredes e soalho cuidados em Lisboa por quimera capaz de me custar mundos e fundos, além da distância da urbanidade onde me têm por bicho certo no lugar próprio. Que, conhecendo-me a matriz pela aparência, laboram num erro carece de desmentido. Nem o TX lisboeta deixa de existir, nem existe impossibilidade geográfica de em três horas fechar a porta na Estrela e correr a fechadura do poleiro cerca do Campo Grande.
Acontece em horas frágeis indagar-me o porquê de reviravolta que pressinto de há muito, mas arribada suavemente à consciência em Junho após a limpeza obrigatória de terreno em socalcos na montanha. Terei, não juro, reflectido qualquer coisa semelhante a isto:
_ Anos em carreira, foi escavada cova nas quintas por onde foram escoados ribeiros de dinheirama. Vender amores de ancestrais está fora de causa _ Legarei o herdado, no pior, como foi recebido. No melhor, será alindado e volvida nova utilidade ao, até agora, sorvedouro na Beira Alta.
Dali até ao ‘mãos-à-obra’ foram semanas. Porfio na vontade dita quimera ou rebate inconsistente. Rosto erguido, percorro o meu outro caminho.
Diga-me só o que é que a imagem de uma mulher nua, vista 'daqui', com músculos nos joelhos e saliências pelas pernas acima, tem a ver com a loja ao lado, com o que escreve ou com o que quer dizer?
papar aquilo tudo... mesmo com água gelada... dá pra uma jornada muito indigesta ;-)
quanto à escolha do Cogollo (que não tem mas se imagina)
dou-lhe esta à troca (vestimenta à trouxe-mouxe, do cabelo os múltiplos caracóis penteados com os dedos) e com parra alevantada) ;-) http://www.artnet.com/artwork_images_87_617986_heriberto-cogollo.jpg
e acrescento esta (com um grande enigma por decifrar) a provar que o terraço ficou desnudado e com sombras
uma, entre muitas, dúvida
'ribeiros de dinheirama' é mais (ou menos) que 'rios de dinheiro'?
outra/s
'anos em carreira' fogem apressados dos malvados 'anos a fio' ou esperam chegar ao topo antes da reforma?
'alindado e volvida' não rimam com 'sorvedouro'... ou serão a/s cova/s escavada/s nas quintas?
eles têm razão: concordo que trocar paredes e soalho em Lisboa fica por um balúrdio... e pode parecer uma quimera algo bizarra... a menos (ou Ax) que tal erro seja desmentido ;-)
e a tal impossibilidade não é (só) geográfica: é viária, é económica, é ecológica, é energética, é incómoda, é arriscada...
máxima: quem percorre o seu (outro) caminho não merece ser (julgado) sandeu
Faz muito bem- há espaços simbólicos que não têm preço e desejo que tudo corra bem- se algo a chama para lá é porque o deve fazer...ouça a sua intuição no silêncio, entre as árvores e o chilreio dos pássaros - encontrará a resposta :)