Dos gostos o que mais importa é gostar. Muito. Irreversivelmente, acontece. O belo, seja o que for para a maioria dos humanos, está condicionado ao gosto – teu, meu não. Mas preciso mesmo é animar a malta com qualidade estética, seja na música, nas letras, nas artes plásticas, cénicas - bailado, ópera, teatro. Acredito na beleza das atitudes e dos comportamentos, no ensino e divulgação das artes como modo outro de educar. Porque nunca tudo está esparramado em manuais, ir além é indispensável. Pelos educadores, pelos governantes, pelos líderes de opinião, pela investigação em ciência. Houvesse o culto do belo chuchado com o leite materno ou misturado nos biberões, e cedo seria encaminhado o pepino para estares orientados no sentido da imperfeita perfeição. Sendo exclusivamente individual a leitura dela feita, o desafio que constitui como «meta» sem chegada enriquece o mundo através das várias leituras significantes.
E qual o lugar do feio? O que é? _ Aspecto diverso e oposto do que para cada pessoa o belo exprime. Desconfortável quase sempre. Causa repulsa as mais das vezes. Pelos sintomas, bitola? _ Nunca universal, é certeza. Porém, a cada um pertence reacção diferente. _ Pode obliterar a beleza, conceito tão incerto como o anterior, abatê-la em momentos particulares? _ É possível como a guerra, agressões de teores diferentes, as desigualdades sociais, a fome, a miséria.
O mundo está dividido em duas partes que dele são essência: o belo e o feio. Todos os humanos também as possuem em fracções variáveis que as vidas e o planeta reflectem. À conta do belo criamos, pelo feio destruímos.
há monstruoso, horrível, feio, sem graça, sem interesse
mas há também o neutro, normal, corrente... e é muito coisa e muito importante, vital mesmo... e o que conta é que seja bom (bem feito, de acordo com as normas), eficiente, eficaz, competitivo, apetecível
e é disso que vivemos (dependemos?) - os povos, as nações, os estados - e também é nisso que (Nós) não somos ganhadores
vejam-se os incêndios... que alguém com sensibilidade e saber de artista titulou "o belo horrível"
variações
quem feio ama bonito lhe parece quem bonito tem não sabe se lhe pertence quem feio ama gosta de ter confiança porque a beleza nem sempre deu muita segurança quem feio ama tem os olhos convencidos e só vê beleza em todos os sentidos quem feio ama lá tem as suas paixões tem no seu segredo outras compensações quem feio gosta tem um gostar mais profundo que o que está à mostra será bom mas não é tudo são concepções dos olhos de quem nos colhe que ser feio ou bonito depende de quem nos olhe
"No período romântico, Edmund Burke apontou as diferenças entre a beleza em seu sentido clássico e o sublime. O conceito de sublime de Burke e Kant nos permitiu compreender que, mesmo a arte gótica e a arquitetura não sendo sempre "simétricas" ou aderentes ao padrão clássico de beleza como o outro estilo, não é possível dizer que a arte gótica é "feia" ou irracional: é apenas uma outra categoria estética, a categoria sublime."
para acrescentar este, algo do passado?
"Para a filosofia, a beleza advém da pureza do raciocínio, da surpresa e da consistência dos axiomas. Raramente está relacionada à aparência superficial (salvo no caso das correntes como o hedonismo, por exemplo). Já para os religiosos, a verdadeira beleza está na integralidade da propriedade da conduta do indivíduo para com um plano sagrado, em detrimento do mundo físico. Quanto mais completa é a imersão e desprendimento do mundo vulgar, maior beleza há naquele que a faz viver."