Há três semanas e nica doutra, iniciada a temporada de aniversários dos que amo e me amam. Inaugurei-a a sete de Outubro, prossegue hoje, dia trinta, continuará a sete, a oito, a dezassete de Novembro, neste dia coincidem dois, para terminar a vinte e oito de Dezembro. Três foram passados em Junho e Julho. Mas esta, pelo número de aniversariantes, sim!, é a saison das festas com parabéns e mesas alindadas e velas e palmas e olhos luzentes pela alegria do momento e da família reunida.
Porque do teu o dia mal começa, lembro o de sete deste mês. Inaugurado com acordar preguiçoso, corpo alongado na cama, olhar posto no céu sem máculas brancas. Desjejum frugal como é comum no quotidiano, o gozo da escrita na hora seguinte, o "ala que se faz tarde" para bandas outras de Coimbra onde rostos amados prodigalizaram mais beijos, abraços, a quentura de carinhos. A pé pelas ruelas da Baixa Velha foram descobertos mimos arquitectónicos, antigos, revista a pressa das gentes nos afazeres. Santa Cruz, ali em frente, chamou. A fé entrou e houve orações sentidas, velas acesas com ternura e crença arrebatada. No dia, antecederam outros presentes.
Sendo mulher de hábitos, conquanto não raras vezes os pontapeie, gosto de presentear quem me gerou - escolhida a mala onde flor pontifica. O mel da cor também adoçou a manhã. No Nicola, reunião de amigos, mais doçuras e formosuras em gestos e palavras. Almoço feliz, histórias de idos, lágrimas pelas saudades dos que partiram, sorrisos após pela certeza de no lugar onde estão celebrarem, juntos, contentamento igual. Depois, foi tempo do regresso a Lisboa para o jantar com outros amores. E houve bolo saído da perícia de mãos femininas da terceira geração da família. E houve farófias, deleite que me entontece a gula, confeccionadas por outras mãos de jovem mulher igualmente amada e da mesma geração da anterior. Mas o ramalhete não estaria composto sem os mimos, as ternuras floridas nos olhares de todos.
Para ti, amor meu e de mais que compõem a nossa pequena família, neste alvorecer, ofereço-te uma das músicas do Ray mais ouvida quando conduzes. Sorrio ao ver-te seleccioná-la entre a panóplia de gravações que não dispensas. Apresentei-ta anos atrás. Se dela te cansares, passarei, de novo, a escutá-la como ouro da memória nossa. Para mim, como oferta recuada, “Ebony and Ivory”.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros