Já não há porteiras. De mansinho, uma aqui, outra ali, mais uma acoli, foram desaparecendo, arrumaram os «tarecos» para gozo da reforma _ “perto da minha Arminda, que, não desfazendo, também é muito boa filha, assim como a menina, benza-a Deus!” _ ou convidadas pelo chefe anual dos condóminos a largar o ofício por troco da permanência na casa uns anos mais. Delas ficou o vazio do “bom dia! Está atrasada... Eu chamo o elevador enquanto aperta o casaco. Dê cá a pasta, «menina»”, sem arredar a mão da esfregona ao «prender» a porta do elevador.
As porteiras de bairro, quais babushkas* de São Petersburgo ou Vladivostok, eram guardiãs dos costumes encavalitados nos conformes sociais, informadoras, conhecedoras de todos os truques da sobrevivência humana, especialistas em fintarem quem julgava ludibriá-las. A menina Ivone do 4º esquerdo que havia anos deixara os quarenta para trás e nunca casou, bem podia, noite alta, manter as luzes apagadas ao sair o colega do escritório, e sussurrar: _ “Vai pelas escadas e não batas a porta de baixo.” Ou a pequena do terceiro aveludando as botas ao dispensar o elevador se era alta a madrugada ao entrar em casa. A todos topava as cautelas das quais lhes prestava conta por via de indirectas certeiras _ “A menina veja lá, suba como deve ser não seja preciso uma noite destas chamar o 112 por mor de alguma queda...” Ou o Doutor Figueira, despachado pela meia-noite da última «doente» no consultório, ainda transpirando vitalidade por todos os poros ao regressar tardiamente ao «lar» _ “Quando o doutor chega assim tardego, nada como um duche para limpar o perfume, ai, que disparate o meu!, as ideias.”
Não há segurança encorpado, a farda como envelope, prestimoso ao arranjar a porta-janela da cozinha que não fechava, o estendal no recanto do «combinado», o silicone pasmado dos cabos serpenteando no chão que me faça esquecer a D. Rosa, barriga empinada, à solta sob a bata de quadrados. Ou os seus olhos piscos de ironia ao comentar: _ “Pérolas, saia e casaco?! Hoje, chegam os paizinhos, não é?”
The plan for a referendum on Greece's membership of the eurozone has been cancelled. Prime minister admits to cabinet that it cannot go ahead. • Talks are underway over the creation of a National Unity government for Greece. But it is unclear if the New Democracy opposition will agree. • Finance minister Evangelos Venizelos forces PM's hand in early morning speech. Eurozone membership too important, he said • European Central Bank cuts interest rates. Mario Draghi lowers borrowing costs to 1.25%
fonte "The Guardian"
E esta?
Greeks’ worst fear is run on banks
Concern about Greek lenders are spreading beyond the country, say Greeks whose credit cards, issued in Athens, are being rejected abroad
"Financial Times"
A Europa da austeridade e os seus defensores puseram em marcha em projecto de demolição social e institucional muito visível, que os povos estão a sair às ruas para contestar. Vai ser preciso, na rua e não só, muito empenho dos cidadãos para forçar alternativas. Inverter este rumo para o abismo implica fechar a janela de oportunidade que a austeridade abriu para que o governo dos bancos substitua a democracia.