Segundo os padrões familiares, nova demais para assistir ao Teatro de Revista quando o esplendor lhe pertencia, vi a primeira ‘revista’ pouco antes do 25 de Abril de 74. Recordo-me da sensação de forma de teatro menor, conquanto divertido, cenicamente encantador. Falas brejeiras, muitas; as de censura à censura vigente e à sociedade portuguesa mais aos governantes, por tanto curarem da discrição, somente entendimentos treinados as assimilavam. Na altura, jovem espigadota, enformada pela doutrina vigente, não fora a liberalidade da JEC, restaria surda e cega ao sistema ditatorial.
Com o espírito de então, ao Teatro de Revista chamaria 'pimba' fazendo uso da atávica arrogância juvenil a pender para o ‘intelectualóide’. Nem perceberia que 'pimba' era eu devido às palas que me restringiam horizontes e das quais foi difícil abdicar. Mas lembro, sim, os corpos perfeitos das coristas, os strass e cetins, a ousadia da rede nas meias, o ar canaille que pairava. E quando levantavam em simultâneo as longas pernas, os seios pulando dos espartilhos ousados? Os homens, habituados à modéstia dos sutiãs e cintas caseiras, às camisas de grosseira flanela das senhoras donas esposas no deitar, iam ao rubro e babavam na cadeira. Deles, os mais libert(in)os, enviavam flores aos camarins das artistas, coristas incluídas, pois então!, e esperavam, findo o espectáculo, acesso a momentos de luxúria inauditos. Da vontade da mulher, da conta bancária ou do arrojo e figura marialva dependia o sim e o não.
Vem ao caso o tratado pela audição desde há três dias da “Rádio Sim”. Casa esvaziada de fios ligados a satélites, o trazido deu «nega», os antigos, rijos como peros do Vale D. Pedro, funcionam. Sintonia única a emitir: “Rádio Sim”. Inenarrável a programação para quem é ouvinte da TSF - noticiários emprestados pela Rádio Renascença, música portuguesa de tempos que há muito foram outros. Tem ‘discos pedidos’, adivinhas, conversas madrugada dentro com gentes acordadas pelo ofício ou cujas insónias entretêm; idosos na maioria. Antes de ter «crescido», classificá-la-ia de ‘pimba’. Já não. Traz alegria, gargalhadas vigorosas, ânimo aos molhos a quem a procura e com ela suaviza solidões e achaques.
‘Pimba’ esta rádio? ‘Pimba’ quem a ouve? ‘Pimba’ o Quim Barreiros? _ Não! ‘Pimbas’ são os falsos profetas, os arrogantes de tigela meada, os ricos que maltratam ou exploram funcionários e passam aos alheios o estatuto de mecenas, escritores pretensiosos, artistas curvados ao que no pretenso elitismo “está a dar”.
Não podia estar mais de acordo com o conteúdo(todo)
Mas que los havia los havia ... los Pimbas....
Tome lá da" minha""música pimba....
I see the bad moon arising. I see trouble on the way. I see earthquakes and lightnin'. I see bad times today.
Don't go around tonight, Well, it's bound to take your life, There's a bad moon on the rise.
I hear hurricanes ablowing. I know the end is coming soon. I fear rivers over flowing. I hear the voice of rage and ruin
Hope you got your things together. Hope you are quite prepared to die. Looks like we're in for nasty weather. One eye is taken for an eye.
http://youtu.be/5BmEGm-mraE
Ou então os ainda e sempre pimbas:
Hey you! out there in the cold getting lonely, getting cold, can you feel me Hey you! Standing in the aisles with itchy feet and fading smiles, can you feel me Hey you! don't help them bury the light Don't give in without a fight. Hey you! out there on your own Sitting naked by the phone, would you touch me Hey you! with your ear against the wall Waiting for someone to call out, would you touch me Hey you! would you help me to carry the stone Open your heart, i'm coming home But it was only fanstasy The Wall was too high, as you can see No matter how he tried he could not break free And the worms ate into his brain Hey you! out there on the road Doing what you're told, can you help me Hey you! out there beyond the wall Breaking bottles in the hall, can you help me Hey you! don't tell me there's no hope at all Together we stand, divided we fall
não sei se fica bem invocar a liberalidade da JEC?
liberalidade: acto de dar com generosidade (o quê?)
dúvidas
«Para a elaboração deste trabalho, foram utilizados como fontes dois dossiês de um arquivo particular, relativos aos campos de férias da JEC que tiveram lugar em Gouveia e na Praia de Mira, respectivamente, em 1968 e em 1970, para além de apontamentos da história do movimento jecista que permitiram enquadrar este trabalho no período compreendido entre 1965 e 1970.»