O Estado, essa nublosa entidade que serve para tudo e para nada, demorou décadas a perceber o básico: pertence-lhe o prévio conhecimento dos montantes mínimos provindos dos rendimentos dos cidadãos. Assim não sendo, quem anda mal é ele. Mais: ao bom estilo lusitano está a pôr-se a jeito, a pedi-las. E teve-as! O burocrata desleixado chamado Estado tem sobrevivido aos generalizados embustes por razão simples: não é dele o desembolso, mas dos pagantes usuais. Arruinado, gasto e trôpego, procura tratamento que o remoce. Por enquanto, é dieta e botox mais lipoaspiração que nos deixam exangues.
Raiz quiçá tão profunda como a da fiscalidade ineficaz, tem a questão pilosa, a masculina em particular. De facto, a relevância do problema é fácil de aceitar: interditos aos machos humanos lacinhos, ganchos, travessões, tótós e bandós, o cabelo é para eles mais que moldura do rosto, é montra publicitária _ Olha para mim tão viril e cabeludo! Daí a julgarem, vã mania!, que o engodo dos pêlos é essencial ao sucesso, ao ar fresco e jovem, à respeitabilidade, ao engate, à performance sexual. E vigiam cada cabelo que, ao acordar, fica na almofada, na banheira no pós-duche, ou que a escova arrecada. Cabelo provocadoramente caído no lavatório, merece epitáfio: _ Ó desgraçado, seu reles, mal agradecido por tanta ampola e massagem. Fica sabendo: cabelos há muitos, eras só mais um, ó palerma! E é. E fica no lavatório. E dali não o tira quem, pelo atrevimento da queda, o vilipendiou.
Do cabelo deles, mais do que a abundância ou rarefacção, prezo observar o arrumo. Não me escapa o estilo Yul Brynner (tipo fuga para a frente de quem ao medo da careca atempada diz não), a criativa e irreal pelagem de jogador da bola (a par das respectivas pernas e rabos são mais eficazes que cartão de visita), o estilo «manga de alpaca» convicto, o de hipotecado director de PME, administrador de multinacional ou político. Nenhum tão revelador como o do profissional que na noite erótica de Lisboa, a noite dos mil olhos, se compraz e faz vida.
E eu há idos dias a bater uma rufada sobre a salvação da pele hehehe
Agora fico em estado de rendição perante esta ode aos pelos do macho, propondo que o SPNI acrescente ao seu pénis mais uma dupla 'NP', ficando SPNPNI. Giríssimo hehehe
contra um l'État c'est moi deveríamos dizer 'o Estado somos nós' e agir de acordo, porque a fiscalização paga-se (e compra-se?) e nós, sem massa, pagamos pesados juros pelo crédito
para os que afinam (?) a viola dos impostos pelos cânones da santa madre... é dever sagrado fazêr a cdeclaração com rigor e isenção, incorrendo em pecado fugindo-lhe
http://religioes.net/noticias.php?n=2552
na tentativa de combater a fuga aos autores identificados, aqui vai uma ajuda, com declaração de princípios (& tudo) ;-))
contra os totós, perseguindo os fugas, ajudando os fiscas, farejando a noite...
cães
Você precisa ser louco, Você precisa ter um motivo de verdade Você precisa dormir sobre seus dedos do pé E quando você estiver na rua Precisa ser capaz de escolher a carne fácil Com os olhos fechados E depois se movendo silenciosamente, Contra o vento e escondido Você tem que atacar no momento certo Sem pensar.
E passado algum tempo Você pode trabalhar em pontos para o estilo Como a gravata do clube E um firme aperto de mão Um certo olhar nos olhos, E um sorriso fácil Você tem que passar confiança Para as pessoas a quem você mente Para que quando elas virarem as costas Você tenha a chance de enfiar a faca
Você precisa manter um olho Sempre olhando por cima do seu ombro Você sabe que ficará cada vez mais difícil, E mais dificil e mais difícil conforme vai envelhecendo Sim, e no fim arrumará as malas e Voará para o sul Esconda sua cabeça na areia Apenas outro velho triste e sozinho Morrendo de câncer.
E quando você perder o controle, Você colherá o que plantou E à medida que o medo cresce, O sangue ruim azeda e vira pedra E é tarde demais para largar o peso Que você costumava jogar por aí Então se afogue, Enquanto você se vai afundando sozinho Arrastado pra baixo pela pedra.
Eu tenho que admitir Que estou um pouco confuso Às vezes me parece Que estou sendo usado Preciso ficar acordado, e tentar sacudir Esse mal-estar rastejante Se não estou pisando em meu próprio chão Como poderei encontrar a saída deste labirinto?
Surdo, mudo e cego, Você apenas continua fingindo Que todos são dispensáveis E ninguém tem um verdadeiro amigo E parece que a solução Seria isolar o vencedor E tudo é feito sob o sol E você acredita mesmo que que todos são assassinos
Cãe nasceu numa casa cheia de dor Cãe foi treinado para não cuspir no ventilador Cãe foi ordenado pelo homem o que fazer Cãe foi quebrado por pessoal treinado Cãe estava usando argola e corrente Cãe levou um tapinha nas costas Cãe andava fugindo da matilha Cãe era apenas um estranho em casa Cãe foi encontrado caído no fim Cãe foi encontrado morto ao telefone Cãe foi arrastado pra baixo pela pedra