Segunda-feira, 14 de Novembro de 2011

SEM TOTÓS E BANDÓS

Autores que não foi possível identificar

 

O Estado, essa nublosa entidade que serve para tudo e para nada, demorou décadas a perceber o básico: pertence-lhe o prévio conhecimento dos montantes mínimos provindos dos rendimentos dos cidadãos. Assim não sendo, quem anda mal é ele. Mais: ao bom estilo lusitano está a pôr-se a jeito, a pedi-las. E teve-as! O burocrata desleixado chamado Estado tem sobrevivido aos generalizados embustes por razão simples: não é dele o desembolso, mas dos pagantes usuais. Arruinado, gasto e trôpego, procura tratamento que o remoce. Por enquanto, é dieta e botox mais lipoaspiração que nos deixam exangues.

 

Raiz quiçá tão profunda como a da fiscalidade ineficaz, tem a questão pilosa, a masculina em particular. De facto, a relevância do problema é fácil de aceitar: interditos aos machos humanos lacinhos, ganchos, travessões, tótós e bandós, o cabelo é para eles mais que moldura do rosto, é montra publicitária _ Olha para mim tão viril e cabeludo! Daí a julgarem, vã mania!, que o engodo dos pêlos é essencial ao sucesso, ao ar fresco e jovem, à respeitabilidade, ao engate, à performance sexual. E vigiam cada cabelo que, ao acordar, fica na almofada, na banheira no pós-duche, ou que a escova arrecada. Cabelo provocadoramente caído no lavatório, merece epitáfio: _ Ó desgraçado, seu reles, mal agradecido por tanta ampola e massagem. Fica sabendo: cabelos há muitos, eras só mais um, ó palerma! E é. E fica no lavatório. E dali não o tira quem, pelo atrevimento da queda, o vilipendiou.

Do cabelo deles, mais do que a abundância ou rarefacção, prezo observar o arrumo. Não me escapa o estilo Yul Brynner (tipo fuga para a frente de quem ao medo da careca atempada diz não), a criativa e irreal pelagem de jogador da bola (a par das respectivas pernas e rabos são mais eficazes que cartão de visita), o estilo «manga de alpaca» convicto, o de hipotecado director de PME, administrador de multinacional ou político. Nenhum tão revelador como o do profissional que na noite erótica de Lisboa, a noite dos mil olhos, se compraz e faz vida.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 06:20
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
3 comentários:
De Acuçar C. a 14 de Novembro de 2011
E eu há idos dias a bater uma rufada sobre a salvação da pele hehehe

Agora fico em estado de rendição perante esta ode aos pelos do macho, propondo que o SPNI acrescente ao seu pénis mais uma dupla 'NP', ficando SPNPNI. Giríssimo hehehe

http://www.youtube.com/watch?v=n09j0TxdJqQ
De c a 14 de Novembro de 2011
contra um l'État c'est moi deveríamos dizer 'o Estado somos nós' e agir de acordo, porque a fiscalização paga-se (e compra-se?) e nós, sem massa, pagamos pesados juros pelo crédito

para os que afinam (?) a viola dos impostos pelos cânones da santa madre... é dever sagrado fazêr a cdeclaração com rigor e isenção, incorrendo em pecado fugindo-lhe

http://religioes.net/noticias.php?n=2552

na tentativa de combater a fuga aos autores identificados, aqui vai uma ajuda, com declaração de princípios (& tudo) ;-))

http://paintingmhor.blogspot.com/2011/02/yul-brynner.html



De c a 15 de Novembro de 2011
contra os totós, perseguindo os fugas, ajudando os fiscas, farejando a noite...

cães

Você precisa ser louco,
Você precisa ter um motivo de verdade
Você precisa dormir sobre seus dedos do pé
E quando você estiver na rua
Precisa ser capaz de escolher a carne fácil
Com os olhos fechados
E depois se movendo silenciosamente,
Contra o vento e escondido
Você tem que atacar no momento certo
Sem pensar.

E passado algum tempo
Você pode trabalhar em pontos para o estilo
Como a gravata do clube
E um firme aperto de mão
Um certo olhar nos olhos,
E um sorriso fácil
Você tem que passar confiança
Para as pessoas a quem você mente
Para que quando elas virarem as costas
Você tenha a chance de enfiar a faca

Você precisa manter um olho
Sempre olhando por cima do seu ombro
Você sabe que ficará cada vez mais difícil,
E mais dificil e mais difícil conforme vai envelhecendo
Sim, e no fim arrumará as malas e
Voará para o sul
Esconda sua cabeça na areia
Apenas outro velho triste e sozinho
Morrendo de câncer.

E quando você perder o controle,
Você colherá o que plantou
E à medida que o medo cresce,
O sangue ruim azeda e vira pedra
E é tarde demais para largar o peso
Que você costumava jogar por aí
Então se afogue,
Enquanto você se vai afundando sozinho
Arrastado pra baixo pela pedra.

Eu tenho que admitir
Que estou um pouco confuso
Às vezes me parece
Que estou sendo usado
Preciso ficar acordado, e tentar sacudir
Esse mal-estar rastejante
Se não estou pisando em meu próprio chão
Como poderei encontrar a saída deste labirinto?

Surdo, mudo e cego,
Você apenas continua fingindo
Que todos são dispensáveis
E ninguém tem um verdadeiro amigo
E parece que a solução
Seria isolar o vencedor
E tudo é feito sob o sol
E você acredita mesmo que que todos são assassinos

Cãe nasceu numa casa cheia de dor
Cãe foi treinado para não cuspir no ventilador
Cãe foi ordenado pelo homem o que fazer
Cãe foi quebrado por pessoal treinado
Cãe estava usando argola e corrente
Cãe levou um tapinha nas costas
Cãe andava fugindo da matilha
Cãe era apenas um estranho em casa
Cãe foi encontrado caído no fim
Cãe foi encontrado morto ao telefone
Cãe foi arrastado pra baixo pela pedra

Quem foi arrastado pra baixo pela pedra.

http://www.youtube.com/watch?v=nlJWis5wH54

e vermes... (tás a ver-me)

http://www.youtube.com/watch?v=Xt0b77N5kWg

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