Diz o poviléu, com razão, haver dias que melhor fora não sair da cama. Destes, cada um soma bastantes que recorda ou não conforme as historietas acontecidas. Não eu – esqueço os dissabores de modo a não entupir o baú da memória que prefiro cheio de lembranças boas. Porque recente, três dias atrás, registo dia fatídico. Acordada e mil projectos em frente, iniciei a manhã cumprindo um a um. Até ao dia meio, nada de extraordinário. A partir daí foi o caos: espelho retrovisor do lado esquerdo no chão avassalado por viatura descontrolada, fuga do condutor que a vinte metros vislumbrei mas que a (des)graça da miopia residual – protege-me da necessidade de lentes para o perto – impediu registo. Chegada à domesticidade, porta da arca do «combinado» decidiu preferir a cerâmica da cozinha a restar en su sitio como lhe cumpria. Liguei para a assistência técnica da AEG. Fui, prontamente, atendida. Dois técnicos, logótipos da marca escarrapachados nos blusões, olharam, remiraram e decidiram peça em falta. No dia, seguinte voltariam. Mas não. Cobraram trinta euros e nem papelucho oficial me lembrei de pedir, tantas as preocupações. Fiquei com o retrovisor e a porta da arca do «combinado» caídos. Cedo, não ocorressem mais desgraças, deitei-me procurando na leitura descanso. Qual quê?! Parcos minutos não eram passados, ouvi trambolhão. Antecipando o pior, não há duas sem três, averiguei o motivo do ruído. Arribada à cozinha, pé enfiado no aro dum cesto de verga enquanto a luz não surgiu, despenhara-se móvel de rodas contendo utensílios vários, condimentos, electrodomésticos pequenos, batatas, cebolas e alhos. Um esparramar jamais visto naquelas paredes. Resmoneei: _ Que se lixe! Amanhã, limpeza e arrumo. De regresso à cama, prossegui a leitura naquela: _ Se mais acontecer nas horas úteis de hoje, dou conta mas nem palha bulo.
Três dias depois. Os putativos técnicos da AEG, não o eram. Não encontro oficina, e se muitas contactei!, que me dê resposta em tempo útil ao arranjo do espelho exterior; encontrei o Vasil, bendito ucraniano duma AEG qualquer, que me dependurou a porta com eficácia e sem peça especial – dois parafusos bastaram. Arrumei os condimentos, batatas, cebolas, alhos e a restante parafernália de acessórios culinários. A esfregona mais a vassoura e a pá, manipuladas com precisão, fizeram o resto.
Aguenta Aí Sérgio Godinho O meu nome e Joaquim o meu apelido Mendes sou do Porto, porque sim mas também sou donde sendes
E quero aplaudir a gente Que se amanda e que se mexe É p´lo menos ponto assente Não ficar no queixe-queixe
Mas não vou dizer amen quando as coisas dão p´ro torto embora haja para quem criticar é só desporto
Aguenta aí, não és santo nem és padre Fazes por ti, mas não há cão que não te ladre Há dias de manhã em que um homem à tarde não pode sair à noite nem voltar de madrugada Grande piada!
Cada dia, saio cedo p´ra um trabalho mesmo chato e o patrão diz-me em segredo fazes bem e sais barato
Tenho, pra não ir a pé um carro em sétima mão trava com a marcha à ré e acelera, também não
Farto de engarrafamentos aqui vai meu contributo vou mas é mandar o trânsito apanhar no viaduto
Aguenta aí, não és santo nem és padre Fazes por ti, mas não há cão que não te ladre Há dias de manhã em que um homem à tarde não pode sair à noite nem voltar de madrugada Grande piada!
Atirei o pau ao gato que se vendia apor lebre vou passear ao Palácio mas habito num casebre
Busquei casa na cidade há justiça nesta vida a prova é que a má qualidade está tão bem distribuída
Património mundial é orgulho, com certeza falta pôr no pedestal "aqui não entra a pobreza"
http://www.youtube.com/watch?v=wzxq24YYJ3U
quanto à AEG... tá li tudo
http://www.aeg.com.pt/
http://www.aeg.pt.to/
(e para que a AEG não fique aqui tão mal vista... melhor seria dizer para onde telefonou e porque não reclamou)
e para o retrovisor... diga a marca ;-) talvez se arranje um alemão, francês, italiano, japonês, coreano, polaco, indiano ...
quanto à miopia... não se pode estar protegido contra tudo (nem todos) :-(
em termos de domest&cidade... a mesma brincadeira acima feita com o pov&léu (e o modo de dormir) ;-))
tem que abandonar os parcos minutos... aqui a brincadeira também é um abuso e até poderá dar azar ;-))
e também devia reclamar da lentidão da luz (espero que se mantenha durante o confronto com os leões) pois o pé no aro podia ter-lhe saído caro :-(
despenhou-se? quem faz malabarismos em arte e casa design? o crime não compensa...mesmo recorrendo ao seguro... o perigo está onde o homem (mulher?) estiver ;-) em vez de rodas... antes tivera patas (das largas) e bem assentes no chão
imaginemos que o 'que se lixe' (em horas ditas úteis mas na cama... ) seja forma açucarada de fúria mal contida ;-))