O quiosque da D. Rosarinho - tratamento carinhoso dos muitos que há muito a conhecem - integra o ritual das manhãs ditas úteis. Tenho para mim, que o conceito de utilidade aplicado aos dias da semana nada tem de pacífico. A classificação é escrava de ideia redutora: utilidade idêntica a serventia laboral. Finda esta, os demais dias são... inúteis. O que rejeito. A cada ano confirmando o antes tido como certo: é na proveitosa gestão dos dias-não-úteis que pacifico o núcleo da cebola que sou. A rentabilidade dos outros decorre disto. Como se a precária abolição da ditadura útil permitisse (re)avaliar as camadas que me estruturam, ajustar as importantes e eliminar as mandrionas.
Era falada a romaria ao quiosque, precedendo o café da manhã. Há saudações a lembrarem o arribar da vizinha ao fontanário da aldeia. O polimento é urbano, a substância remete a Júlio Dinis. Das capas das revistas e de alguns jornais faço download precário de frivolidades várias. Quem é a suposta barregã de quem, mudanças de amores, de narizes, enchimento de lábios, esvaziamentos celulíticos, auto-promovidos. O costume.
Na dispersão revisteira encontrei «gordas» preocupantes: _ A ciência ainda não chegou a acordo sobre a utilidade do sexo. Em subtítulo: _ Há fortes indícios que o sexo serve para combater parasitas(?) e eliminar mutações(??). Isto, logo pela manhã, engasga o dia. Agora, com a festa no melhor, é que me avisam?! Posto assim, o sexo mais parece medicamento com literatura inclusa: dosagem, princípio-activo e contra-indicações. E tantos se esmeram em atletismos sexuais, desempenhos, criatividade e coisa-e-tal... Nada disto faz, então, sentido! Alguém valoriza a imaginação no acto de engolir uma Aspirina? Séculos até aprimorarmos a libertação sexual e o prazer (nosso, que o deles sempre esteve legitimado) quando, afinal, nos limitávamos a desparatisação de rotina.
Comprei e li o resto. Voou suspiro de alívio - o tratado era reprodução sexuada versus clonada. Do mal o menos!
feliz mente, é uma conversa entre elas... gordas e não gordas ;-)
(ou entre ela e as suas casas, ficando os botões de fora)
mas... que raio de conclusão: a cebola tem núcleo, ou só tem camadas? é de fazer chorar :-(
não há dúvidas sobre a fixidez no sexo, até da cebola (se bola!) mas espanta que a f(r)esta esteja no melhor (ou seja, salvo seja, já foi pior e vai ser pior... c'est la vie
comparar a coisa ao engulimento duma droga continua a ser aberrante... e querer que a coisa seja atlética é estafúrdico qb... creio que com a coisa se pode perfeitamente brincar (como eu brinco) e sem ajustar o prazer às tabelas comerciais (tipo leve 3 e pague 2) ;-))
sobre a pressuposta desparasitação (claro que desparatisação será algo relacionado com desparate, o que faz todo o sentido...) e a eliminação de mutações, para quem pega no lado científico da coisa, faria algum sentido que se fosse mais longe... até ao núcleo da dita cebola (no mínimo!)
cuidado com a evolução da coisa
A MANUTENÇÃO EVOLUTIVA DO SEXO: TEORIAS
Quando e porque os sexuados foram favorecidos sobre os assexuados? Desde Darwin até hoje, biólogos tentaram respondê-la. Ainda não há uma resposta clara. Para se entender a função do sexo é preciso listar e quantificar as vantagens e desvantagens seletivas dos sexuados e dos assexuados e fazer um balanço entre elas. Segue as principais idéias: ... Escherichia coli –se reproduz assexuadamente. Entretanto, em um processo chamado conjugação o material genético é transferido de uma célula doadora a uma receptora. A qual recebe um genoma recombinante. A conjugação é rara sob condições naturais. ... Sexuados são mais complicados e menos eficientes que os assexuados já que leva mais tempo que a simples divisão mitótica e envolve mecanismos muito mais complexos. Adaptações elaboradas evoluíram para ajudar os organismos sexuados a encontrar uns aos outros, como por exemplo, os feromônios produzidos pela borboleta fêmea. Em um mundo sem sexo não haveria machos e fêmeas com suas diferentes características e formas extravagantes como a cauda do pavão e não haveria comportamento de encontro de parceiros sexuais. Entretanto não é nada óbvio o porquê do sexuado ser melhor que o assexuado. ... http://images.tucanos.multiply.multiplycontent.com/attachment/0/TBPFegooCIoAAEZsG0g1/Evolu%C3%A7%C3%A3o%20Do%20Sexo.doc?key=tucanos:journal:107&nmid=342784186
as opiniões 'divirgem'
a (r)evolução da coisa ... E, no meio de tudo isso, será que as mulheres fazem hoje menos sexo do que faziam suas avós e bisavós? Independentes financeiramente, ocupadas com a vida moderna e com acesso à educação, as moderninhas tiraram o sexo do eixo de atividades obrigatórias. "Muitas que antes se dedicavam aos filhos e assumiam que deveriam aceitar o sexo que o marido desejava fazer, hoje se dedicam a uma segunda jornada de trabalho e sentem que podem, mais facilmente, dizer não ao sexo desejado pelo marido".
Se antes ela tinha tempo de sobra para dedicar ao marido e a vida conjugal, hoje administra os minutos. Trabalha fora, cuida da casa, dos filhos, estuda, se diverte e ainda cuida do corpo. Com tanta atividade, tempo e energia para o sexo ficam escassos. E a culpa não é delas. É da tal evolução. Ou seria revolução sexual? Mais uma vez, os fatos históricos, sociais e culturais influenciam o que acontece entre quatro paredes. ... http://vilamulher.terra.com.br/a-revolucao-do-sexo-3-1-31-203.html
há coisas que custam a engolir... e aquela do 'engulimento' (que passou sem o agasalho das aspas...) foi vítima de assédio ortográfico inspirado na gula ;-)
(uma espécie de 'desparatisação' não rotinada)
e, aproveitando a deixa, aqui fica uma achega à gulodice
«Gula é o desejo insaciável, além do necessário, em geral por comida, bebida ou drogas.
Para algumas denominações cristãs, é considerado um dos sete pecados capitais. Segundo tal visão, esse pecado também está relacionado ao egoísmo humano: querer ter sempre mais e mais, não se contentando com o que já tem, uma forma de cobiça. Ela seria controlada pelo uso da virtude da temperança. Entretanto, a gula não é considerada um pecado universalmente; dependendo da cultura, ela pode ser vista como um sinal de status.»