Douglas Hofman, autor que não foi possível identificar
Amor tussisque non celantur - O amor é como a tosse: impossível ocultar.
«Era» deveria ser o tempo verbal. Como os espirros, não fossem as castradoras normas sociais. Ou o nariz a pingar, que o tempo vai mais para isso do que para romantizar enlevos. À conta de me aventurar em namoro nocturno com ignoto jardim da capital, de uma penada, ganhei pacote inteiro. Simulei o «cantando à chuva» que caía - adocei o passo, arredondei gestos, fiz dos braços asas, e, com as mãos semi-fechadas numa concha afilada pelos dedos, simulei ave lépida. Da insanidade que não curo, ficou o amor pelo jardim, mas acresci tosse e constipação.
Sapientia longe preestat divitiis - Acaba-se o haver, fica o saber.
Lembraram-me, com erudição humorada, que no funeral de Beaudelaire, presentes trinta pessoas, no de Willy, dezanove e no do Oscar Wilde, sete. A mulher que sempre afirmou não desejar complicações – um pijama usado serve para embrulho, bem como qualquer pedacito de terra (não ocupa muito espaço) - deu por ela num delírio ao cogitar qual o tipo de ofício fúnebre que iria bem com o respectivo passamento.
Importante seria «maquilhadora» com mínimo de jeito para disfarçar o branco arroxeado de cadáver perturbador de familiares e amigos. Garantida a posição horizontal eterna e por decoro, vestido comprido em cetim fúcsia do estimado Nuno Baltazar. Sapatos, ele sabe: _ Nuno vá pensando, por favor! Entre roupa, calçado, maquilhagem, mais o tempo que a querida Guida vai demorar com o cabelo, dois dias de preparos devem chegar. O meu amigo/irmão Fernando ficará com a gestão do fundo musical - jazz, light como a finada, nada de muito estridente que incomode acompanhantes fãs de toadas mais doces. Como o haver já deixei e o reduzido saber levo comigo _ "Não se macem, vão para dentro!"
Sendo desejada tertúlia depois de terminada a função, invadam frigoríficos e armários ou tragam coisitas leves para trincar; nada de fritos que deixe a casa empestada. Brindem, salvo com água, não venha a superstição interromper-me o trajecto direito ao Céu. Ou ao Purgatório. O Inferno? _ Aqui d’el rei q'isso não! Esborrata a pintura e queimar cetim é estragação.
Ele há dias assim Trezinha.... Como disse o Cunhal no fim da vida "já não acredito no homem novo" Somos maus e vamos perecer.... Tão maus que me admira não termos ainda perecido...Talvez porque os meios de destruição são tão eficazes que temos medo uns dos outros . Nós somos bichos maus . Os outros bichos só querem sobreviver,,, Isto durarará100, 200 ou alguns anitos mais até a raça ser varrida da face do planeta . Isto se a mãe natureza não adiantar o processo..... Mas sonhar é bom....,e "enquanto dura vida de doçura . Em se acabando gemendo e chorado"( Provérbio aprendido em menino na Beira das minhas raízes...)
Nada me han ensenado los anos
http://youtu.be/8Rn7p9-BBLI
Mas regressar aos prados de antanho quiçá?
http://youtu.be/GGoXG7limfY
E mesmo na pior seca a seguir virá ´àgua de beber camará....
No funeral do... quem!? (oh erudição retardada! mon dieu...)
Au beau de l'air jaimerai bien te faire; ou bien dans l'ombre... mais Baudelaire, le poète, ne le pardonneriai pas et il iriai donner des sauts dans sa tombe.
Passado o medo da chuva (e que bem passado!) e passando de novo aqui, mesmo que no molhado chovendo de novo fosse, fica, sendo já noite, do Seixas o Coração Noturno
« Pour que la loi du progrès existât, il faudrait que chacun voulût la créer ; c'est-à-dire que, quand tous les individus s'appliqueront à progresser, alors, l'humanité sera en progrès. »
« Il faut travailler, sinon par goût, au moins par désespoir, puisque, tout bien vérifié, travailler est moins ennuyeux que s'amuser. »