Pijama de cetim preto enfiado ao pular da cama. Camisolão por cima. Meias de lã e sabrinas. Estremunhada, abriu o frigorífico. Encheu com leite o copo. Atestou de água e «café das velhas» a máquina. Ligou-a. O chá verde esperava. Ouviu o noticiário da hora certa. Soube do essencial ocorrido, desde a véspera, no mundo enquanto dormia. Retirou da tomada o carregador do telefone - ligá-lo-ia após as trivialidades seguintes ao acordar. Antes, gozaria a solidão de quem madruga quando outros dormem ou se afadigam nas abluções, no vestir, em pegar na pasta, nas chaves do automóvel ou na corrida para o transporte público. Não ela. Manhã por conta até às onze.
Confortável, premiu o «on» do computador. Eliminou o inútil do correio, leu o restante. Intermezzo para reforço de cafeína pingada pela ‘nespresso’. Chávena quente na mão, deslizou na leitura enquanto bebericava líquido e espuma. Quase tudo desinteressante a legitimar o «elimine» até ao inesperado. Recostou-se na cadeira e repetiu a leitura não tivesse entendido à primeira. Mas tinha. Releu. Azul em branco, desabafo d’alguém que estimava, lhe merecia admiração, não via há ror de tempo – dois, três anos ou mais que o voltear da Terra é enguia que escapa das mãos.
Houvera encontro no lançamento do livro, dois outros profissionais: o segundo deslizaria para intimidade ligeira e circunstancial, o terceiro obediente à formalidade prevista na ocasião. Evitava lembrar o último: desrespeitara diplomacia competente ao sentir-se traída pelo que meia hora antes fora combinado, a sós, com o mandante da empresa. Saíra a meio da reunião. Demitira-se nesse mesmo dia, sufocada pelo sentimento de falsa fé quando a lealdade fora linear da parte dela. Com os dias esquecera o sucedido até à leitura do e-mail. Mentiroso esquecimento, concluiu. E soube que gravara na memória todos os detalhes dos encontros, da malvada reunião, que, agora, sorria, feliz, harmónica com o lido no inesperado e-mail.
carreou à memória uma estória dum árbitro que sempre fez orelhas moucas às palavras loucas (fdp... cabr**... gatuno... ) e que só se abespinhou quando o interpelaram "ó careca"! ;-))
convencido estou que 'jámetinhasdito' (com acento) é original... embora haja outros (mais ou menos conhecidos)... assim uma espécie de 'caganisso's ;-))
como o não conhecer não a isenta de ser conhecida... o jámetinhasdito não é abuso... apenas induz uma simples inevitabilidade... à semelhança das imagens escolhidas para adoçar o café/chá e reavivar a amargura das noites de ausência (tudo ficção... da mais pura) ;-))
"Enlaço a terra -- umbigo e raiz -- E arrebato o sêmen. Do caule, a chuva, Desvio da seiva na estrada.
No cerne do tempo, Sangria de silêncio a esvair-se em pedra, Arde, represa, macera.
Desejo em floração de asas Invade o sol. Novas espécies. Sabores de vento em combustão A fecundar a pele.
contexto neste texto é amplo e variado e jámetinhasdito noutros e variados textos coisas dessas
cama, pijama, camisolão, meias, sabrinas
copo de leite frio, frigorífico café das velhas, água, máquina, chá verde
conversa das ondas a hora certa, o essencial? carregador desligado, telefone ligado, trivialidades
computador no 'on' correio inútil corrido... correio restante lido...
com 'intermezzo' carrega cafeína pingada... chávena quente na mão... sorve líquido e espuma continuando na leitura do desinteressante que eliminou
com surpresa relê o que podia não ter entendido...
começa a partir daqui a estória que nuncametinhasdito
como não somos ali chamados... aproveitamos para navegar no 'inter mezzo'
II est des nuits où je m'absente Discrètement, secrètement... Mon image seule est présente Elle a mon front, mes vêtements... C'est mon sosie dans cette glace C'est mon double de cinéma... À ce reflet qui me remplace Tu jurerais... que je suis là...
Mais je survole en deltaplane Les sommets bleus des Pyrénées En Andorre-la-Catalane Je laisse aller ma destinée... Je foule aux pieds un champ de seigle Ou bien, peut-être, un champ de blé Dans les airs, j'ai croisé des aigles Et je croyais leur ressembler...
Le vent d'été, parfois, m'entraîne Trop loin, c'est un risque à courir Dans le tumulte des arènes Je suis tout ce qui doit mourir... Je suis la pauvre haridelle Au ventre ouvert par le toro... Je suis le toro qui chancelle Je suis la peur... du torero... Jour de semaine ou bien dimanche? Tout frissonnant dans le dégel Je suis au bord de la mer Blanche Dans la nuit blanche d'Arkhangelsk... J'interpelle des marins ivres Autant d'alcool que de sommeil: "Cet éclat blême sur le givre Est-ce la lune... ou le soleil?"
Le jour pâle attriste les meubles Et voilà, c'est déjà demain Le gel persiste aux yeux aveugles De mon chien qui cherche ma main... Et toi, tu dors dans le silence Où, sans moi, tu sais recouvrer Ce visage calme d'enfance Qui m'attendrit... jusqu'à pleurer...
texte de J.R. Caussimon
c'est l'alterité http://fr.wikipedia.org/wiki/Alt%C3%A9rit%C3%A9
c'est le sexe http://www.psychanalyse.lu/articles/PommierAlteriteSexe.htm