Kenney Mencher, Katherine Doyle, autor que não foi possível identificar
Falava e saía fel. Nem a contento dos pontos de passagem de sólido a líquido, depois nem a vapor condensado através de refrigerante de Liebig a separação das partes da mistura era possível. A mulher pasmava com venenos despropositados. Eram comuns, conquanto o progressivo exacerbar a surpreendesse. Por natureza cordata, almejava, ao ouvir, entender meandros do espírito revelado pela fala. E dava com novelos sem ponta objectiva à vista por rejeitar rótulos imediatistas em precipícios da matriz original que desconhecia. E ouvia. E tentava entender sem o conseguir.
No discurso debitado em catadupa, escasseavam intervalos que do monólogo fizessem partilha de interesses e saberes. E ela tudo sentia com desprazer, pena, o tal sentimento pequeno. Por ser homem de coração bom, tinha provas, lastimava o apertado carreiro seguido quando muito e belo podia trazer aos outros.
A vida consequente e feliz obriga a mais que desgraças importadas dos jornais e telejornais. Requer perguntas ao (in)consciente, saber ouvir e aprender, fornecer borlas de alegria e esperança. Quem nada inquirir sobre si voga em ondas gigantes onde não sabe surfar.
Se fosse veneno... poderia ser bem intencionado, e, se bem doseado... poderia ser regenerador. Sendo fel, é descarga de doença e fede e pode afugentar pela cólica nauseabunda, a menos que a descarga seja só telefónica como nas pinturas?
Os sólidos, líquidos, vapores... seriam álcool com gelo e acabaram em ressaca, altas horas da noite solitária? Ou só ressentimento por opção de matriz desencontrada? O coração sempre aqui gabado... será de lobo ou de raposa ou de pirata enraivecido?
A mulher, bem conhecida, já não devia pasmar pelo velho hábito consentido, pelo ascendente infiltrado, pelo castigo acumulado, pelas tais provas eufemísticas mas hipócritas?
Noutros tempos não se dizia surfar nem as ondas do desnorte eram gigantes... bastavam andar como o bugalho ao sabor da corrente...
E não há tempo perdido... poderá é ser desperdiçado, causando lágrimas sem sentido?
Mesmo derramando lágrimas Eu não te posso perdoar Mesmo que tenha sofrido Todo o meu tempo perdido Nunca mais te quero amar
Por ti fico procurando A esquecer sua maldade Conviver no abandono Pra fazer sua vontade
Apesar de ser sincera Tu é quem me fez chorar Não faz mal, segue o destino Que o mundo vai te ensinar Mas é mesmo assim