Abel Manta
Dias e dias mundiais são muitos. O da poesia merece especial realce. Poderia citar poemas de talentos literários. Sem estar em causa a admiração e o prazer que tenho fruído nas suas leituras, escolher um poeta nem seria difícil – Eugénio de Andrade é paixão antiga. Porém, quase é blasfémia extrair um pedaço que resta emoldurado no contexto do livro. Não o farei.
Por ser incapaz de construir um poema devido à falta de veia para o género lírico, na família houve e há quem, ingenuamente respeitando métricas mais os ritmos, lembro este poema do avô materno:
“Do alto da serra,
Olhei pra baixo e vi
A igreja da minha terra
A casinha onde nasci.
Vejo além ao longe
Um regato e uma fonte
E uma linda capelinha
Tão branquinha lá no monte.
Vejo da minha janela
Toda a casinha singela
Nesta aldeia de encantar
Vejo lindo panorama
Que logo a atenção me chama
Para depressa adorar.
Vejo as ovelhas no monte
Correr a água da fonte
Por enormes ribanceiras.
As moças ao regressar,
Depois do trabalho acabar,
Cantam lindas ramaldeiras.”
À mãe que havia de herdar o ouvido para a música e acrescê-lo com voz linda, pertence esta singela descrição dos últimos momentos de vida do meu pai.
“Fechou os olhos,
Calmo, adormeceu.
Olhando sua filha com ternura
À qual ainda antes sorriu,
Pra tumba fria e triste desceu.”
E mais não relato por de intimidades estar o SPNI cheio.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros