“Os filhos dos ricos são bonitos e têm sucesso; os dos pobres perpetuam inferioridade nos ferretes sociais.” Atentando bem, a beleza rica é, frequentemente, uma falsa beleza. O luzir da pele e do cabelo, a elegância de um pé sem mácula delicadamente apoiado na vertiginosa curvatura de uma sandália, o embrulho das formas em tecidos perfeitos são partes de um todo fascinante carimbado como belo. As competências sociais afinadas por sucessivas gerações são o brilho dos salões. Os descendentes assimilam como água uma série de códigos que, frequentemente, os distancia dos demais. Todavia, é sabido que qualquer ser humano inteligente, culto, ou simplesmente informado, de duas uma: ou emerge socialmente pela cópia das condutas que o integram nas elites dominantes, ou preserva o desprendimento considerado um valor, não raro uma excentricidade que o compraz pela «imagem de marca» associada.
Em ambientes socialmente heterogéneos como as escolas, contabilizado o sucesso, nele dominam adolescentes cujas famílias possuem recursos económicos e culturais. Os mais desfavorecidos têm, globalmente, menor sucesso escolar. Dando por adquirido o logro do pensamento nazi, não é aceitável supor privilégio de castas a inteligência e demais dotes do intelecto fundamentais para o êxito na consolidação das aprendizagens. Em que resquício cerebral se esconde a diferença referida na constatação? Havendo igualdade no apoio afectivo da família e no acesso às ferramentas necessárias, arrisco resposta breve: nas competências sociais. Saber falar em público, adaptação a ambientes diversos mesmo se aparentemente superiores ou hostis, possuir uma linguagem corporal espontaneamente correcta permite ao intelecto concentrar-se no essencial e lateralizar como ociosidades verdadeiros calcanhares-de-Aquiles nos menos preparados para a exposição social.
"Giacinto Mazzatella (Nino Manfredi), um ex-operário que recebeu um milhão de liras de indemnização após ter perdido um olho num acidente de trabalho, mora com a esposa, os dez filhos e vários parentes, numa barraca de um bairro degradado da periferia de Roma. Movido pelo egoísmo e pela avareza, esconde o dinheiro que recebeu do seguro e, com medo que alguém o roube, dorme abraçado a uma caçadeira obrigando os outros (mais de 20) a comer, dormir e fazer sexo na mesma divisão da barraca. A situação complica-se quando Giacinto leva para 'casa' uma prostituta e começa a gastar o dinheiro comprando-lhe presentes.
Neo-realismo, sarcasmo, sátira trágico-cómica, com ritmos cruelmente grotescos, "Feios, Porcos e Maus" releva as condições degradantes da vida humana num retrato ímpar da miséria, egoísmo, mentira, promiscuidade, traição, incesto e violência."
http://www.youtube.com/watch?v=uAMwNRJDKm8
curvatura vertiginosa de uma sandália vertiginosmente curvada pela mente de sandália Vert & Ginosa (bela grife)
Será séria a questão, em termos de honestidade intelectual (mesmo igorando a estranha alusão ao sentido do título) ou é apenas uma brincadeira de teclas?
Quando há cerca de 5 anos rotulava a mesma receita
COM ÊXITO, RICOS E LINDOS Sábado, 16 de Junho de 2007
estaria a ser mais oportuna que agora?
Seria interessante que nos deixasse entender esta involução.