Quinta-feira, 21 de Junho de 2012

«PAPELUCHO» COM NÚMERO

Mati Klarwein (Angel Athens)

 

‘Loja do Cidadão’ nas Laranjeiras. Junho frio, solstício de Verão, pelas sete e meia da manhã, obrigava a tremer pelo frio candidatos alinhados por dezenas de metros na rua. Uma hora de espera até as postas se abrirem e ser recolhido o almejado «papelucho» com número garante de atendimento na Segurança Social. Na véspera, pela onze da manhã, os serviços da instituição rejeitaram mais «clientes» para o dia. Madruguei e insisti. Etnias misturadas; dois funcionários ao dispor dos ‘Não Prioritários’. Um para bengalas e carrinhos de bebé. Assentos insuficientes disputados um a um sem respeito pelos levantados por segundos com o fim de certificarem a senha ao luzir dígitos no ecrã. Vergonha burocrata que encolhe os cidadãos.

 

Saí do balcão cimeiro pelo começo da tarde. Embrumada por borrascas inesperadas. Feias e tristes como a atmosfera prenunciando o sentido. Não direi perversa por serem humanos e não ajuntamentos de vapor de água a exprimirem sentimentos.

 

CAFÉ DA TARDE

 

publicado por Maria Brojo às 18:14
link | Veneno ou Açúcar? | favorito
1 comentário:
De Acuçar C. a 22 de Junho de 2012
A volta foi mesmo lenta! Quase violenta?

Com outros movimentos... seja clean, não cerre os dentes ;-))

O tempo acaba o ano, o mês e a hora

O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora;

O tempo busca e acaba o onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.

O tempo o claro dia torna escuro
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grão bonança.

Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.


Cantiga

Descalça vai para a fonte
Leonor, pela verdura;
vai formosa e não segura.

Leva na cabeça o pote,
o testo nas mãos de prata,
cinta de fina escarlata,
sainho de chamalote;
traz a vasquinha de cote,
mais branca que a neve pura;
vai formosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
cabelos de ouro o trançado,
fita de cor de encarnado…
tão linda que o mundo espanta!
chove nela graça tanta
que dá graça à formosura;
vai formosa, e não segura.


Posto me tem Fortuna em tal estado

Posto me tem Fortuna em tal estado,
E tanto a seus pés me tem rendido!
Não tenho que perder já, de perdido;
Não tenho que mudar já, de mudado.

Todo o bem pera mim é acabado;
Daqui dou o viver já por vivido;
Que, aonde o mal é tão conhecido,
Também o viver mais será escusado,

Se me basta querer, a morte quero,
Que bem outra esperança não convém;
E curarei um mal com outro mal.

E, pois do bem tão pouco bem espero,
Já que o mal este só remédio tem,
Não me culpem em querer remédio tal.

Luís de Camões

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