Autor que não foi possível identificar, Jan Bollaert
Da crisálida no seu casulo, mais cedo do que o previsto, houve mulher com criança dentro. Porque da dormência das sestas adultas, na infância, constituíra reinos e da precária liberdade experimentara magia, aprendeu a deter-se. No silêncio, jogar ao faz de conta. Uma e outra e outra figura. Personagens múltiplas que viria a integrar enquanto despia e vestia sedas da mãe copiando gestos de filmes antigos que o preto e branco coloria.
Desequilibrada nos saltos, encenava graça e langor no palco que o espelho devolvia. A sedução da mãe, das mulheres de Hollywood repetidas no descalçar da meia e na alça caída do ombro por suave estremecer. Um dia, sua. Egoísta pela relevância do querer, houvesse ou não quarto cheio de homem que a visse.
Já agora... se voltasse ao texto inteiro, não ficaria mais contextualizada?
FALHAS E FANTASIAS - 23 de Janeiro de 2012
Assim fora, assim nunca seria. Ela, que «sempre» e «nunca» rejeitava, usava-os vezes demais. A incoerência reclamada como defesa e arma para advires etéreos. Não conjugava futuros. Ou conjugava pelo gozo da negação seguida. Sabia da pequena esfera recolhida junto ao nervo/comando da visão. Talvez morte, talvez vida. Esquecia-a. Lembrava-a se entretinha a tentação do prever. Ceifava-a como na infância vira nas terras fecundas pela natureza e regas.
Montanha ao alto, vale em música de cantares/alívios de corpos doridos. Os lobos à espreita, as raposas rapinando poedeiras que supriam faltas míseras. Recontos aconchegados nos colos das matriarcas, foram. A menina, ao tempo, das labaredas conhecia as das lareiras confinadas à pedra, castanho velho por remate. Já não assistia às queimadas nos campos nus onde o Outono descia manto de cinza fria.
A urbe, do centro capital, era dez meses de existir, escola, liceu, faculdade. Na geometria parental, a criança era o terceiro vértice. Vazio o outro que desejava ocupado por laço fraterno. Sem ele, ficava a menina debulhando leituras e, pelo carvão, no «cavalinho» registando falhas e fantasias. O quarto de brincar, excessivo, recolhia a criança só. Sem primos na rua de baixo ou de cima ou na cidade que pelos afectos e birras habitassem a irmandade possível. E lembrava da casa beirã o baloiço pendurado no braço robusto da nogueira velha e formosa. O tecto de folhagem e frutos verdes. O vaivém que, nas férias serranas, o primo de Lisboa arrojava rápido e alto.
_ Voa! Voava. Sem medo. No Jorge, constelava universo de confiança. Como no pai, cúmplice e autoridade. Como no tio franciscano. Como no avô que musicava os dias em pautas de alegria, primeiro nos acordes da viola afagada na tarde quase extinta. E havia fogo e turquesa no recorte do vale descido da Estrela até ao Buçaco que os malvas dissolviam.
Dos homens e mulheres entendeu o que via entre paredes de amor. Eles laboriosos, providentes e previdentes, ternos, base e fundo da confiança. Elas companheiras, voluntariosas, pondo e dispondo com autonomia sob o tule do véu que levavam à missa de incensos e altares de tranquilidades floridas. Só na aparência submissas. De facto, senhoras donas da família.
Da crisálida no seu casulo, mais cedo do que o previsto, houve mulher com criança dentro. Porque da dormência das sestas adultas, na infância, constituíra reinos e da precária liberdade experimentara a magia, aprendeu a deter-se. No silêncio, jogar ao faz de conta. Uma e outra e outra figura. Personagens múltiplas que viria a integrar enquanto despia e vestia sedas da mãe copiando gestos de filmes antigos que o preto e branco coloria.
Desequilibrada nos saltos, encenava graça e langor no palco que o espelho devolvia. A sedução da mãe, das mulheres de Hollywood repetidas no descalçar da meia e na alça caída do ombro por suave estremecer. Um dia, sua. Egoísta pela relevância do querer, houvesse ou não quarto cheio de homem que a visse.
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«Memória, Memória Descritiva e, daí, Memória duma Desmemória poderia chamar-se a este relato se o rigor científico me tolerasse um título de metáfora tão esguia e o gosto da escrita o não rejeitasse por exibicionismo fácil. Todavia, culpa minha, foi na memória ou na tragédia da memória que, com maior ou menor erro, concentrei o acidente vascular cerebral que acabo de redigir. Se esse enfocamento é aceitável do ponto de vista neurológico não sei, mas foi a experiência sofrida que mo ditou na interpretação forçosamente diletante em que a tentei descrever.»
Ironia do destino: «Fazer de conta» ficou aqui como epitáfio duma longa fita que se foi desenrolando a cadência decrescente até parar, sem apelo nem agravo, sem um lençol sequer a tapar das moscas as ilusões adormecidas...