Bo Bartlett
O tempo da inocência. Da ingenuidade. Da descoberta. Dos porquês. Da inconsciência do amanhã. Dourar os idos da infância é atitude comum. Fazer deles refúgio de colo, sonho e aconchego, antecipando que ao crescer não são fáceis de encontrar. Haja sabedoria para os reconhecer e preservar.
A perda da inocência, surripiada pela malícia, crueldade ou mesquinhez, outrossim pelo acto de crescer, antecedia a que no futuro se adivinhava. Esse era o tempo com difuso final. Sem que da data ficasse registo assinalado no individual calendário interior. Ao contrário da seguinte, não raro ansiada, perda do crescimento: a virgindade.
E chegávamos frágeis ao momento esperado. Assumindo tremores ou simulando saber consolidado no momento da virgindade cair. Pouco mais havendo que misto de curiosidade e temor. Nos saberes adquiridos, clandestinamente, à boca pequena, ou em desajeitados ensaios, havia a certeza da inevitabilidade. Romper o hímen era romper a última barreira mental que entravava o caminho da mudança pessoal.
Com os cataclismos, decepções e vulnerabilidades que as sociedades enfrentam, é tempo de despedida. Deixar cair a virgindade social como caiu a da inocência. Depois, crescer.
CAFÉ DA TARDE
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros