Carolyn Blish, Isabel Wadsworth
Ela amava. Incapaz de ser quem era sem a família acautelada por gestos e palavras suas que aos amados sorrissem. Gerou vidas com amor. Elas amavam-na. Afetos intensos prolongados ao hoje.
Por questões menores, viu-se privada do que enche e alimenta quem ama. Silêncio e afastamento instalados. Provou a aparente inutilidade dos dias. Instantes houve em que sentiu naufragado objetivo na continuidade de lugar terreno. Venceu o lúgubre.
Omissas vozes, presenças, abraços e beijos da modesta, porque diminuta família, rodeava-a o peso da solidão. Nele se afundava, não fora gente amiga marcar a presença da amizade, forma outra de amor. Salvou-a também o otimismo, a esperança, o desejo de lutar para trazer à tona o desaparecido. Estivessem ventos e marés de feição, nenhuma oportunidade perderia de obter resposta aos amores essenciais.
Era manhã; 9.16h. Por telefone chegou uma das vozes amadas. A mulher de lágrima difícil no antes aprendera a chorar. Por cada palavra, escorria-lhe na face cloreto de sódio diluído em água como escreveu Gedeão, o Rómulo de Carvalho que já não conhecera nas demandas científicas da Física e da Química. Paixão de ambos. Paixão de mais. E às 9.16h aconteceu alegria. Tanta que as cerejas que as palavras também são apenas com mediocridade alcançariam. Evitou-as.
Talvez a humildade aprendida nas ciências – hoje verdade, amanhã não – fosse auxílio. Analisou e restaurou lugares santos, íntimos, a caminho do breu. A mágoa do beijo de parabéns que julgara telefonado acabou real na macieza da pele amada.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros