Marissa Vogl
Ignoro se na altura era casada. Nem o detalhe importa no caso. Mantiveram affair que, mais a ela do que a ele, mudou o curso dos dias. Um cínico de gelo, como todos os impudentes. Amou-o, odiou-o e tentou pretensa amizade não sabendo com quem lidava. Ou sabia, porque algumas mulheres conhecem por dentro ao conhecer de verdade. Sem que o confessem, não vá a sapiência varrer dos dias amores que o sussurro da consciência antecipa desnaturados.
Melhor fora a higiene. Porém, a insanidade dum afeto condiciona o reconhecimento do lúcido desenho doutrem que a alma compõe a carvão. Com ela foi assim. Deixou-se ficar. Foi ficando, enquanto ele desbravava, com desdém, a selva feminina. Preferia as mulheres cheias de carnes e, como ele, de fraudes. Inseguro e desconfiado – os piores dos tresmalhados. Tinha com ela ambiguidades ocasionais para tolhê-la em esperança vã.
Num arrepio glaciar, sujo e à deriva, acusou-a de indiscrições graves. Inocente ou culpada? Na (in)certeza do veredito, a arrogância colérica de deus menor considerou-a culpada. Fragilidade sem controlo foi o «pecado» dela. Suicidou-se nessa noite. Deixou um filho.
_ “Estúpida... Uma panca danada!”.
E prossegue com olho assestado no umbigo. O dele.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros