Théodore Roussel - Reading Girl
No ensaio “Die Leserin”, Gertrude Lehnert escreveu: “O desenvolvimento da personalidade e da leitura condicionam-se mutuamente”. É tratada a relação erótica das mulheres com a literatura. Inúmeras obras de arte pictórica apresentam mulheres nuas lendo. Como se perante um livro a pele feminina estivesse ao dispor do livro e este lhe atravessasse a pele em percurso linear até ao coração. Até à fantasia. Até aos mais recônditos segredos que nem sob tortura a mulher exporia. A sensibilidade ou a premonição do pintor surge como fonte desta permuta erótica entre o feminino e o livro.
Ler na cama. Corpo nu sob coberta. Despudorado. Excluído o interesse de ser o escritor homem ou mulher. Androgenia perante a leitora. Ela reconhece encontro de almas na força criativa das páginas passadas e por virar. Sua e de quem escreveu. Devaneio que a exalta e, quantas vezes, termina em orgasmo solitário. Refém da leitura, continua sem parança. O cansaço adormece-a e o livro dorme com ela. Calhando no sono surgirem reminiscências do absorvido pelo cérebro, orgásticos instantes acontecem. Raramente só um, mas sucessivos que a esgotam até ao acordar.
Virgina Woolf no livro “Um Quarto que Seja Seu” – “Só quando essa fusão tiver lugar é o que o espírito será inteiramente fecundo e poderá fazer uso de todas as faculdades”. De Ruth Klüger o acrescento: (...)
Nota: há instantes, texto publicado aqui.
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