Joan Miró – Swallow Love
O nosso tempo é, acima de tudo, assimétrico. Contraditório. Extremo na miséria, doente por causa da barriga cheia. Tempo veloz. De medo e confiança. Medo de ausências – de saúde, de afetos, de liberdade, de objetos tidos como indispensáveis. De crença na inventiva humana sem crença na redenção. Tempo disperso e tolerante. De esquecimento do que perturba a consciência.
Houve o tempo em que renegava o tempo em que era pela injusta repartição de bens e direitos. Foi o tempo da utopia. Algures no meu caminho, deixei caída parte substantiva. A restante entesourei. E confio. Em mim, na vida, na capacidade criativa de que os humanos dão provas.
É na arte, na ciência e na teimosia dos homens em resistirem aos maiores infortúnios que me detenho para beber esperança. Nos artistas, cientistas ou pensadores que pelo génio elevam a nossa condição. Mais do que nas religiões, tantas vezes alimento de fanatismos e crimes. Este é também o tempo dos ídolos. Dos 'pés de barro'. Consumidos no ter-e-haver. Somente dando conta do existir. De tudo, a pobreza maior.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros