Eric Zener
Estendo a mão à palmatória e reconheço ter cedido vezes demais à ironia, quiçá sarcasmo, ao perorar sobre a condição masculina. Algumas dissertações foram decantes frívolos pela dispensa da objetividade como filtro.
Ao contracenar no palco da vida, não distingo condição feminina e masculina. Neste particular, os acasos da fortuna têm sido generosos. Negar desencontros no carreiro dos meus dias seria mentira. A tal me escuso. Todavia, pelo crivo da exigência suavizado com tolerância, peneiro atitudes próprias e alheias, deixando cair arrogâncias vãs. Racional, sim, apaixonada sempre. Uma cartesiana emotiva. O pecúlio de incoerência salta à vista.
Com a ciência aprendi a evitar o «sempre» e o «nunca». Que os extremos conceptuais são limites a que a natureza foge. Ela mescla, destrói para criar, não desperdiça, conserva matéria e energia. Que dos convencionados atributos psíquicos masculinos e femininos todos possuímos, dou por certo. A caricatura dos sexos resulta de atavismos históricos que desembocaram em preconceitos de ontem e do agora.
Pela correria da evolução social não é tarefa fácil integrar os novos papéis e desafios que sujeitam homens e mulheres. E baralhamos e ensaiamos e recuamos e avançamos. Porque a harmonia existe, é absurdo o refúgio nos clichés ou em retaliações ditadas por fátuas soberanias.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros