Autor que não foi possível identificar, Manchu Edison
Acordar para o dia com mágoa. Alma de breu, coração apertado até ervilha. Nem a tepidez prevista suaviza o sentir. Ontem e nas vésperas, as novas medidas governamentais lograram outra terraplanagem numa já diminuída esperança no futuro próximo dos portugueses. Vozes credenciadas se alevantam contra o insano ataque aos idosos reformados, aos funcionários públicos, ao inevitável crescimento do desemprego. Vozes anónimas também. Nas famílias, o mesmo. Os cidadãos engoliram, a contragosto, a tirania daqueles que trocam pessoas por números. Desrespeito intolerável pela dignidade de todos e pelo direito de propriedade que as pensões constituem. E este não é o choradinho do costume, o atavismo da tristeza nacional que no fado encontrou expressão. É mais e pior. O povo sabe e amaldiçoa quem dele, há anos, faz marioneta num espetáculo encenado por contabilistas frios e calculistas. Insensíveis, portanto. Ignorantes de facto.
Milhões, milhões, milhões. De poupança, dizem. Objetivo: cumprir metas duma Europa débil que não se pensa nem reforma estruturas fundamentais da falsa comunidade de nações que regula. Que ignora as boas práticas vindas de outros lados do mundo. Que se auto fratura e fratura sociedades. Almas. Vidas. Sempre assim até à rutura final ensina a história.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros