Segunda-feira, 30 de Dezembro de 2013

NA ‘PASSERELLE’ DA VIDA

 

 

Christine Peloquin

 

Dos homens, pouco conheço. Omito pai, e avôs pelos laços peculiares que os entronizam aparte dos congéneres. Afetos nem sempre pacíficos mas seguros como diques alicerçados na fundura dos genes. Das mulheres, tenho a presunção de saber mais – pela condição comum que o sexo determinou, pelos laços afetuosos que os anos entreteceram, pela cumplicidade que dispensa palavras e desmente o preconceito das mulheres serem, à partida, rivais. Muitas vezes me inquiri acerca do fundamento de tão disseminado pensar. Competimos em beleza e sedução? Pelejamos com astúcia pelo mesmo emprego, destaque ou homem? Das mães e companheiras e filhas e amigas, almejamos o troféu da excelência? Pela maledicência é nossa a intenção de aniquilar outras para desfilarmos, majestosas, na ‘passerelle’ da vida? Misses ou rainhas de súbditos que não temos? Não me revejo nesta cópia infiel da obra-prima que a relação comum e a amizade entre mulheres constitui.

 

Sem procuração que me outorgue o direito de falar pelas concidadãs, digo: a causa maior de mágoa (res)sentida é a injustiça ou o tapete da confiança dolosamente subtraído nas relações afetuosas. Quando se entrega, mulher é, acima de tudo, pessoa intensa – joga alma e corpo. Os exemplos de premeditação nos afetos não descrevem a maioria dos amores femininos. Destes, esperam confiança, respeito, partilha emocional, ternura e sexo, por esta ordem. Nos homens, as prioridades diferem. Mais do que a infidelidade do amante, o que às mulheres rasga a alma é sentir cravados na alma os estilhaços da confiança quebrada.

 

Não pretendemos ser as melhores ou insubstituíveis. Podemos aceitar a função de pilares da família e do histórico acumulado. Temos força e resistimos às ondas de choque que os vulcões da carne acarretam – porque também os protagonizamos, sabemos lidar com eles. Homens e mulheres: sejamos adultos e não crianças que trepam, culposas e primárias, a cerca dos quintais vizinhos. E se o que está além da cerca for realmente apetecível e monopolizar a fantasia onde o ser também é, seja cumprido o apelo. Sendo volátil, que permaneça protegida, por isso intocada, a essência do afeto onde a confiança reside.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 09:00
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