Gary George
"Scarlett _ Rhett... if you go, where shall I go, what shall I do?
Rhett Butler _ Frankly, my dear, I don't give a damn.
Scarlett _ Sir, you are no gentleman.
Rhett Butler _ And you, Miss, are no lady."
Assim retorquia um Clark Gable sobranceiro a uma Vivian Leigh rebelde e apaixonada. Garota, sonhadora, depressa cansei os livros de inocentes afetos, bondade às pazadas, fadas, sapos que eram príncipes, príncipes que eram uma maçada. Tudo envolto em bosques, castelos, heroínas loiras com lábios de rubi. Olhos azuis ou esmeralda. Os joelhos esfolados por campeonatos de salto à corda e à «macaca» não me davam aspeto de menina bem comportada. Que não era, também pelas atrevidas leituras à socapa sem descurar o parecer. Mimada, enamorada pela família, desgostá-los era mágoa pesada. Aprendi a conciliar. Engolir o grito de dor ao desinfetar a ferida, e tapar com a fímbria do vestido, mesmo à justa, a prova do delito. Inventar sítios novos para esconder livros proibidos que devorava, sôfrega, roendo maçãs aninhada num canto qualquer. "Tudo o Vento Levou" visto na «têvê» foi deslumbramento na baralhação entre criança e adolescente. A majestade cénica, a crueza da guerra civil, a escravatura e os distantes senhores valiam por mil histórias da Sarah Beirão que me era permitido ler. Não me despedi do Speedy Gonzalez – preservei-o como resquício de infância com o mesmo valor do gosto por compota acabada de fazer que o lume e o saber da cozinheira deixa no ponto.
Amores épicos, grandiosos, heroínas misteriosas de mantilha escondendo parte do rosto e pernas infinitas em saltos agulha, homens sedutores, encostados à ombreira da porta, uma perna dobrada sobre a outra, chapéu descido, cigarro enovelando o fumo no ar. Amores que não vivemos. (...)
The end
Nota: texto completo no "Escrever é triste".
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros