Nada como um valente susto para terminar soluços. Abundam mezinhas com o mesmo fim: engolir em seco, respirar num saco, beber água ao contrário (cabeça para baixo), contar até dez e suspender a respiração, pensar num conhecido, depois noutro até ao terceiro (cura certa!), chupar limão.
Quando um governo soluça por desprezar explicações devidas à clientela partidária e aos cidadãos, conheço receita melhor: derrota eleitoral. Pré-anúncio de outras em horizonte próximo. Vai daí, retoma o diálogo, esclarece, interroga e diz interrogar-se. Bom augúrio! À demo cracia é restituída competência. Pena a democracia não merecer o mesmo!
À excepção do Bloco de Esquerda, que tem olhos de lince e é ágil como gato em telhado de zinco quente, da direita para a esquerda a oposição foi inoperante. Faliu, conquanto óbvio o ganho eleitoral. Agitado o fantasma sem cabeça dum país ingovernável sem maioria absoluta ou coligações, treme o português que diz melhor o seu bairro, o seu clube, a sua terra natal. Avisar faz parte da atitude condizente com o Velho do Restelo postado na colina. Chegado a vias de facto, oscila, hesita, diz «nim» e vota sim. Não está para complicações.
Confrange a falta de coragem colectiva.
_ Vou às urnas. Que da minha abstenção (preguiça) não sofra eu e os meus pares. Quero clareza. Sim ou não.
Com brancos e nulos deleitam-se os politólogos e comentadores de ocasião. Por acaso(?) sempre os mesmos. Especulam e desenham cenário que o La Féria, fino como um alho e sabe encher teatros, desdenharia. Todos amealhando notas e poderes à custa dos substantivos «nins».
Veneno: Não é falta de corajem (colectiva). É falta de valor (individual). Será de cidadania? Já houve na Escola (educação cívica e moral). Será que ainda há? Ou voltará a haver?
http://www.democracy-learning.com/port/
Para passar dos soluços à solução, o susto é terapia de choque! Mas também há o açúcar, o pão, o gelo, o cotonete, a colher e... os joelhos ;-)
Não faltam ajudas ( a Judas?). Depende da gravidade. Pode virar crónico... e durar anos (médico-neurologista).
http://www.acores.com/?page=art_det&ida=3
Por isso, contar com PR, PS, PSD, BE, CDS-PP, ... e todos os (seus) especialistas em marketing político.
Parece que os nossos trunfos jogaram a favor do Obama (incluindo o Cão d'Água)
lamento a minha 'visível' falta de coragem... (deixei-me arrastar pelo corajoso) e preciso de ajuda para a recuperar (cotonete), uma vez que o 'sapo' não me permite auto-medicação.
Será que o humor (negro/amarelo) também é terapia facilitadora?
Se o fosse o medo (aquém do susto) teria uma força de 'graça':
«O presidente da ASAE, homem que gosta de dar umas charutadas em locais onde é proibido fumar, decidiu pôr o país a ferro e fogo, divertiu-se a fechar estabelecimentos por tudo e por nada, chegando mesmo a decretar o encerramento a prazo da maioria dos restaurantes. Usando e abusando das competências resolveu impor o medo, restaurantes, tascas, ginjinhas, estabelecimentos de solidariedade social, todos os locais onde uma mosca pudesse pousar em cima de um papo-seco tornaram-se alvo dos rangers do António Nunes, muitos portugueses tinham mais medo dele do que tiveram do Silva Pais.»
Zeka - falta tudo e quem faz falta. Dou de barato que o medo, mais do que o susto, seria mais eficaz para retirar ar do gorgomilo e omititr os espasmos consequentes.
Não gosto de utilizar o termo «gentinha» - odeio sobrancerias de meia-tigela que diminuem quem as pratica. Mas que as tentações são mais do que muitas, é verdade!
Compreendo incoerências dos cidadãos anónimos. Mas quem possui poderes conferidos por todos devia eliminá-las. Daí o descrédito que toda a classe política vitima. Porém, em vez de coscuvilhices, é necessária mudança de atitudes que restaurem a confiança dos pagantes.
sem dúvida que governar desgasta quem governa e também desgasta os governados, saldando-se tudo por uma geral desgastação
mas pensemos um bocadinho: nas europeias, fácil é entender-se que se a Portugal cabe indicar 22 eurodeputados, em 785... (!) então ir votar é pouco mais que irrelevante - aliás, na Europa a taxa de participação nestas eleições foi de cerca de 43%
depois, muitos eleitores gostam de votar no vencedor e no parlamento europeu o maior grupo é o PPE, pelo que há algum efeito de atracção que beneficiou PPD/PSD e CDS/PP, os partidos portugueses que integram o dito PPE
e bem se vê que é uma excelente oportunidade para protestar ou experimentar sabores e cores, votando em branco, através da abstenção, apoiando partidos excêntricos e movimentos newcomers ou candidatos amigalhaços, mais o cartão amarelo/vermelho/raiva ao partido no governo ou à facção do partido no governo
coisa bem diversa é votar para formar governo, em que já se entra em cálculo com algo mais que a mera preferência pessoal do eleitor, incluindo o voto útil, o juízo sobre a governabilidade ou a capacidade de navegar em águas e ventos adversos
idem para as autarquias, em que conta muito o conhecimento pessoal dos candidatos mas também as hipóteses de constituição de uma equipa vencedora, capaz e concretizadora ou apenas votando em quem se gosta, como é bem prova a plêiade de autarcas vira-casacas ou descasacados
António - "movimentos newcomers ou candidatos amigalhaços, mais o cartão amarelo/vermelho/raiva ao partido no governo ou à facção do partido no governo".
Como enriquece um texto com uma ou duas tiradas! Mais digo: quem apenas ler o que escrevo e prescindir dos comentários nem sabe o que perde! Coisa pouca é que fica. Minha. Não dos que acrescem pensares aos textos.
Porque até ao lavar dos cestos é vindima, continuo alerta e crítica.