Autor que não foi possível identificar
Obama ficou malvisto pelos noruegueses. Rejeitou mordomias, «deslizes» segundo os súbditos: a pernoita no Palácio Real, ausência no concerto comemorativo, vinte minutos de atraso no encontro com Suas/Deles majestades, ir ao frio de Oslo num «vou ali e volto já». À conta dele, a cidade viveu «estado de sítio». Por onde passou o cortejo pontificado por Obama, foram acesas as luzes em todas as janelas. Nenhum rosto pôde assomar sob risco de ficar sob mira das armas dos militares destacados para a segurança do primeiro planetário. Cartaz dizia:
_ “Ganhaste o prémio Nobel. Agora, merece-o.”
Repórter no local assemelhou-o à reacção dos madrilenos perante a «aquisição» de Cristiano Ronaldo:
_ “Foste contratado, agora, come a relva”.
Não comeu. Ainda.
Sente o jazz na voz e nos dedos a contrabaixista escolhida pelo laureado da Paz para a cerimónia de entronização. Precedeu o discurso oficial do Presidente dos estados sob a bandeira feita de stars & stripes. Obama dissertou sobre as guerras entre exércitos, poucas décadas após, transformadas em guerras entre nações. Que persistem. Passou ao lado do «fechar de olhos» que comanda se as armas nucleares são de Israel e condena em povos outros. Recorreu, admitindo guerras presentes e futuras, a Martin Luther King: “a violência não traz a paz permanente, não resolve problemas sociais. Só traz mais e maiores problemas.”
Disse:
_ “Se o esforço do soldado é glorioso, a guerra nunca o é.”
A intervenção humanitária/guerreira americana - a única super-potência mundial, explicitou - justificada pela ajuda a inocentes que sofrem crueldades bélicas em lugares disseminados pelo planeta. A guerra como contributo para a paz.
Mais disse e disse e pensou bem. Apelou a alternativas à violência e à responsabilização dos países que infringem valores consensuais. A propósito da redução de armas nucleares mencionou a obediência por parte da América e da Rússia. Sem liberdade a paz está em risco. A repressão sobre governos ditatoriais merece pedagogia adequada que lhes faça alterar a postura. Isolar não é solução. Engajamento na paz, sim.
Que Copenhaga assista à paz ecológica onde o Homem estará presente com muitos outros Chefes de Estado. Não sendo produzido tratado escrito, que gere esperança no mundo cada vez mais pequeno pela semelhança dos anseios humanos.
“Recuso-me a aceitar o desespero sob a luz trémula das ambiguidades da história.” Assim seja, assim proceda, assim mereça o prémio, assim desembrulhe povos da bandeira que representa.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros