Sexta-feira, 11 de Dezembro de 2009

AGORA, COME A RELVA


Autor que não foi possível identificar

 

Obama ficou malvisto pelos noruegueses. Rejeitou mordomias, «deslizes» segundo os súbditos: a pernoita no Palácio Real, ausência no concerto comemorativo, vinte minutos de atraso no encontro com Suas/Deles majestades, ir ao frio de Oslo num «vou ali e volto já». À conta dele, a cidade viveu «estado de sítio». Por onde passou o cortejo pontificado por Obama, foram acesas as luzes em todas as janelas. Nenhum rosto pôde assomar sob risco de ficar sob mira das armas dos militares destacados para a segurança do primeiro planetário. Cartaz dizia:
_ “Ganhaste o prémio Nobel. Agora, merece-o.”
Repórter no local assemelhou-o à reacção dos madrilenos perante a «aquisição» de Cristiano Ronaldo:
_ “Foste contratado, agora, come a relva”.
Não comeu. Ainda.

 

Sente o jazz na voz e nos dedos a contrabaixista escolhida pelo laureado da Paz para a cerimónia de entronização. Precedeu o discurso oficial do Presidente dos estados sob a bandeira feita de stars & stripes. Obama dissertou sobre as guerras entre exércitos, poucas décadas após, transformadas em guerras entre nações. Que persistem. Passou ao lado do «fechar de olhos» que comanda se as armas nucleares são de Israel e condena em povos outros. Recorreu, admitindo guerras presentes e futuras, a Martin Luther King: “a violência não traz a paz permanente, não resolve problemas sociais. Só traz mais e maiores problemas.”
Disse:
_ “Se o esforço do soldado é glorioso, a guerra nunca o é.”

 A intervenção humanitária/guerreira americana - a única super-potência mundial, explicitou - justificada pela ajuda a inocentes que sofrem crueldades bélicas em lugares disseminados pelo planeta. A guerra como contributo para a paz.

 

Mais disse e disse e pensou bem. Apelou a alternativas à violência e à responsabilização dos países que infringem valores consensuais. A propósito da redução de armas nucleares mencionou a obediência por parte da América e da Rússia. Sem liberdade a paz está em risco. A repressão sobre governos ditatoriais merece pedagogia adequada que lhes faça alterar a postura. Isolar não é solução. Engajamento na paz, sim.  

 

Que Copenhaga assista à paz ecológica onde o Homem estará presente com muitos outros Chefes de Estado. Não sendo produzido tratado escrito, que gere esperança no mundo cada vez mais pequeno pela semelhança dos anseios humanos.

 

“Recuso-me a aceitar o desespero sob a luz trémula das ambiguidades da história.” Assim seja, assim proceda, assim mereça o prémio, assim desembrulhe povos da bandeira que representa.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 10:09
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5 comentários:
De António a 11 de Dezembro de 2009
vai um agridoce oxalá!

Obama continua a ser uma luz, embora o exercício do poder contenha inevitável dose de realismo que impede alquimia de «palavractuar» e obriga a discursar justificações que adiam o esperado encantamento

pelo cadinho de esperança, pela força catalizadora e pelo simbolismo, o Nobel da Paz foi bem atribuído a Obama

mas nenhuma guerra terminou, nenhuma violência apaziguou, nenhum sonho se concretizou

e se muito se espera de Obama, nada depende só dele

;_)))

De Maria Brojo a 13 de Dezembro de 2009
António - a esperança diz-me: acredita! Todavia, o senso crítico comanda: espera e vê!
De AlNog a 11 de Dezembro de 2009
Exactamente o que o António diz, se é que existem exactidões nos destinos próximos do mundo.
De Maria Brojo a 13 de Dezembro de 2009
AlNog - digo o mesmo que ao António escrevi. Por vezes, pessoa com esperança experimenta cada desilusão... Porém, bem maior é acreditar. Estou nesta!
De amf a 14 de Dezembro de 2009
Li aqui e já lera algures a referência às luzes das janelas em Oslo aquando da visita de Obama .

Acontece que há muitos anos e por várias vezes ( na minha experiência, diria sempre) vi as janelas de Oslo sempre iluminadas por luzes que pareciam mais ser farois para os passeantes do que elementos de iluminação doméstica.

Na altura não consegui obter uma explicação para o que estranhei; assim, hoje não consigo ver isso associado a uma reacção ao novo nobelisado.

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