Mark Sparacio
Quando os sinos tocam a rebate, perigo ou morte espreita. Por todo o mundo, às três da tarde de hoje em igrejas de diferentes credos, os sinos tocam 350 vezes. Símbolo das outras tantas partes por milhão que especialistas defendem ser o máximo permitido da emissão de CO2 na atmosfera. A catedral de Copenhaga dá o mote. Algumas confissões religiosas tornam-se, finalmente!, cúmplices e activistas na contenção dos danos ambientais.
Manifestações, destruição, violência - cenário costumado também na cimeira da Dinamarca. A Greenpeace liderou o descontentamento activo. Meio milhar de activistas chegados de quarenta e três países. Quartel-general num clube de praia que também aloja as iniciativas da Global Campaign for Climate Action. Milhares de faixas e estandartes foram produzidos e desfilaram empunhados por 16 mil pessoas na manifestação de ontem.
Desactualizado o “Tratado de Quioto” por não vincular a China e os EUA, responsáveis por 40% das emissões poluentes globais, tem, a favor do bem comum, de ser revisto. Países em desenvolvimento exigem que não seja esquecido o "espírito de Quioto", antes complementado com este acordo. Em dúvida, pelo ritmo de caracol das actuais negociações: uma semana depois foi insuficiente o alcançado.
A União Europeia afirma não «vender barato» o objectivo de redução de emissões de 20 para 30 por cento até 2020, em relação aos níveis de 1990. Enquanto isto, Portugal polui mais do que deve, compra licenças de emissão a países menos desenvolvidos à custa dos bolsos rostos de cada cidadão. Poluidores também pelo vício do transporte privado, reciclagem insuficiente, pela pobreza de recursos técnicos e miopia empresarial e política.
Mesmo correndo o risco menor de sermos declarados insanos pelos vizinhos, que, pelas 15h, as janelas se abram e soem apitos e assobios e o bater das tampas dos tachos. Despertar o prédio, o quarteirão, o bairro é preciso.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros