Domingo, 27 de Dezembro de 2009

MALVADA GEOGRAFIA!


Michael Gassaway

 

Abundância do tempo de afectos. Não em demasia, mas concentrados em alturas poucas no que à família alargada respeita. Fartote de embrulhos e laços e marcas e cartões e papeis brilhantes. A alegria/amor/soluto festivo mal diluído no ano. Sabe a de menos pela escassez quando era desejada frequência. A demais pelo cúmulo do calendário condensado em mês e meio.

 

No resto do ano, vezes muitas, são inventados, recriados, comemorados momentos particulares. Nem todos reunidos pelos afazeres ou pela distância. A alguns pesa a ditadura das coincidências. Rondando os oitenta, a fragilidade aumenta e talha o depois da abundância. Habituados à tranquilidade, o cansaço vence-os. Nos dias subsequentes aos empanturrados emocionais, escolhem o pijama e o roupão. Preenchem cada compartimento da caixa diária da medicação. Fazem partilha de memórias que sabe e faz bem a quem ouve e a deseja. E dormem. E lêem, olham, sem ver, televisão. E arribam lágrimas ao recordarem mimos recentes, amores cuja vida terminou. E discorrem sobre imagens de infâncias que ajudaram a zelar.  

 

Aqueles, ontem crianças, hoje adultos novos, enchem de beijos e afagos quem ajudou a surgir pessoas boas da matéria-prima genética. Correm risos. Amor tanto é comum; porém, fosse a geografia benévola, maior frequência nas presenças daria pontapé na saudade castigadora e, com arte, melhor esculpiria o viver.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 09:01
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4 comentários:
De zeka a 27 de Dezembro de 2009
Bom Dia!
Bom Domingo... ;-)

Abençoada Liberdade que até nos deixa considerar malvada a Geografia... ;-))

Já andei 'fugido' Novembro/Dezembro inteiros pela Europa e pelos EUA e não houve conflitos entre a Saudade e a Distância. Entreajudaram-se. Sal e açúcar no bolo da Vida, quando se quer ir mais longe.
Os aviões e as estradas não ficam menos utilizados nestas épocas. Os cataclismos são outra coisa :-(
De Maria Brojo a 30 de Dezembro de 2009
Zeka - tem razão. Foi um desabafo da Teresa C.. Por vezes tem destas lamechices.
De Roy Lencastre a 27 de Dezembro de 2009
Quando a distancia tem morte a prazo, ainda que recorrente, une, não afasta. Porém quando é constante, corrói como óleo de vitríolo. Nesse sentido a tua última frase do post é tão verdadeira quanto fabulosa.
Júlio Isidro disse um dia, "na cama", a Alexandra Lencastre: O Amor é uma questão de Geografia. Aqui tem esta outra asserção: se a profissão o tivesse levado a permanecer na China, diria que era a mulher da sua vida uma qualquer chinesa e teria filhos de olhos em bico.

Um outro assunto: ontem não houve mortes nas estradas; só o número de acidentes aumentou.
Conclusão: estamos, pelo menos, a aprender a bater.
De Maria Brojo a 30 de Dezembro de 2009
Roy Lencastre - adorei a tua constatação: "ontem não houve mortes nas estradas; só o número de acidentes aumentou.
Conclusão: estamos, pelo menos, a aprender a bater."
Verdade que merece reflexão.

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