“Foi criada em 1885, ocupando um edifício do Largo do Contador-Mor, em Alfama, graças à iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa. Tinha como objectivo principal - de largo alcance social para a época - "a emancipação da mulher pela instrução", como pode consta no seu primeiro relatório.
Inicialmente, chamava-se Escola Maria Pia, em homenagem à rainha. Tinha 45 alunas inscritas, tendo muitas delas, entretanto, desistido. Os motivos da desistência parecem relacionar-se com a sua localização, considerada já no extremo da cidade e de difícil acesso, e com o facto de, erradamente, se pensar que podia fornecer habilitação para o exercício do magistério primário, nova carreira pouco antes aberta às mulheres. Por isso, apenas terminam 26 alunas, com aproveitamento, a frequência desse primeiro ano.
A Escola tem uma feição eminentemente prática, visando "iniciar no país o ensino de carreiras produtivas que podem e devem pôr a mulher (...) ao abrigo das necessidades, habilitando-a a ganhar honestamente os meios de subsistência". Ministrava 4 cursos: lavores, tipografia, telegrafia e escrituração comercial. Contudo, professoras e alunas têm aspirações mais altas contrariadas pela "estreiteza da casa".
A grande ambição era passar a Liceu. Por ela lutaram o professor Caetano Pinto e a doutora Domitília Carvalho, futura reitora deste estabelecimento de ensino. Em 1906, por fim, o rei D. Carlos I assina o decreto que institui o primeiro liceu feminino em Portugal.
A frequência foi crescendo e, em 1911, o Liceu Maria Pia foi transferido para o palácio Valadares, no Largo do Carmo. Apesar do progresso da mudança, o edifício pequeno forçou o desdobramento das alunas em 2 turnos. O ideal seria instalações próprias, semelhantes às dos liceus masculinos da capital. Mas o corpo docente deseja mais: pretende também a frequência dos cursos complementares e, desse modo, a elevação à categoria de Liceu Central. Foi o que veio a acontecer, em 1917, por decreto do Presidente da República, Sidónio Pais, passando a escola a denominar-se "Liceu Central de Almeida Garrett".
O problema das instalações continuava por resolver. Arrastou-se ao longo de vários anos, não obstante, após a mudança para o Largo do Carmo, ser nomeada comissão encarregada de escolher terreno e elaborar projecto do novo edifício. Um primeiro, da autoria do arquitecto Ventura Terra, acabaria por ser substituído por outro, o actual, embora baseado no anterior, nomeadamente no que se refere ao átrio e à escadaria central. (…)”
Uma de algumas escolas d’antanho que alteraram o rumo de gerações de jovens mulheres portuguesas. Merece lembrança. Qual é esta, qual é o histórico bastião da Mocidade Portuguesa Feminina na capital do império que era sem ser? Bombom gracioso para leitores curiosos.
CAFÉ DA MANHÃ
Vídeo que, por si, é post.
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