Não vivem nela, mas trazem de renda uma quinta. Semeiam, regam e colhem. Zelam pelos vivazes e pelos vegetais que plantam. Em vez de frutos, alfaces e favas, obtêm bens simbólicos na forma de pontos. Como quaisquer rendeiros, quem não trabalha não «manduca». Apodrecem árvores e o semeado. Mas contam os vizinhos que podem ofertar bicharada e sementes para enriquecer e reanimar a quinta. Mais que vizinhos, são amigos. Solidários e generosos. Quantos mais, o lucro sobe.
Curiosa pelo empolgamento de queridos próximos, constituí quinta(l). Tudo morto, soube ontem. Sendo má quinteira que não visita, nem nada faz pelo terreno que em sorte lhe coube, o plantio não resistiu. Murchou. Feneceu. Felizmente, mais atenta aos solos reais. Neles, desafogados, crescem pinheiros, árvores de saborosos frutos entre Junho e Dezembro, alfazema que colho e enche sacos de linho bordados, depois, cheirosos em gavetas. Sinto o aroma, piso a terra, embevecem-me as nozes gordas, avelãs e os figos. A fruta luz. Com os pimentos e as abóboras enchem de cor o solo escuro. O rendeiro por conta nada paga, salvo ajuda no jardim da casa provinciana que traz num brinco. Ainda assim remunerado porque o sorriso, a disponibilidade e a boa disposição do Sr. Mário não estão cotados no mercado dos salários.
Talvez por saber e sentir riquezas tamanhas, não me entusiasme bonequinha virtual andando de uma lado para outro simulando obra feita na Farmville duma rede social. “A Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal”, escrito por Mezrich, conta o parto do Facebook. Como pais, alunos da Universidade de Harvard. Obra polémica que nos EUA tem dado que falar. “Elliot Schrage, porta-voz do Facebook, já reagiu ao livro: «Ben Mezrich aspira a tornar-se a Jackie Collins ou a Danielle Steele de Silicon Valley»." A polémica segue nos capítulos seguintes.
Não lerei, é certo, a obra. Não cuidarei a quinta da boneca. Serei vizinha, doarei bens que ao quinteiro traga pontos. Prefiro sentires outros. Reais. Consistentes. Por eles perdi a virgindade num charuto partilhado, molhado, condimentado. Sem descrição fica o prazer do reconto onde a personagem terceira foi, por opção, em vez de um Cohiba um Monte Cristo.
Pirata-Vermelho - este blog, nem a Teresa C., nem a mulher que a abriga são 'griffés'. Gostam do que é bom e pode ir da tasca à lingerie «d'outro mundo» sem marca que a recomende.
o dito cujo malfadado Inverno a fazer das suas, portanto
a todos afecta a nervoseira deste pavoroso tempo e uma passa é também uma excelente forma de fruir o Inverno
mas o Inverno inicia e significa o crescimento dos dias, olaré!
em desanuviadora oferenda, cante-se as janeiras:
cai a chuva em toda a parte cai a chuva em toda a parte quem não lê o "Sem Inveja" ou é tolo ou não tem arte quem não lê o "Sem Inveja" ou é tolo ou não tem arte
muita prosa flui no blog mais ainda vem aí no quentinho da lareira manda o SPNI no quentinho da lareira manda o SPNI
só não espreita quem não vê só não espreita quem não vê a lavrar no facebook não se apanha a Teresa C
Ora bem! estou completamente de acordo e quase pelas mesmas razões. Da quinta familiar, vendida na outra geração, já só restam loteamentos, mas a mim ficou-me o saber do colher, verdadeiramente. Não constituí quinta.
Pirata-Vermelho - realidades múltiplas, nunca máscaras. A verdade do azeite, saboroso, puro e mediterrânico, sobrenada na água cristalina. Mau, mascarado, contaminado qualquer dos dois? Não! Coexistem em harmonia e compõem o todo.
Não julgo, constato. Defende bem a posição porque já nasceu expedita daí a minha dedicação, na mais acabada vertigem que se quer hedonista; a sua. Mas há limites para as proximidades não miscíveis - a pressão, a temperatura...
N'est ce pas?
E há proximidades explosivas, por simpatia. E há-as venenosas. E contagiosas.
E há ainda a consciência; e a ideologia, feita de pensamento, não a que é feita de promoção falaciosa e de mentalização grosseira, de moda.
Há tanta coisa... que dá vontade de dizer o que calha. E é então que entra a memória. E a História ... e volta tudo ao princípio. E já a acompanho há anos...
«.../ A arte de ser é a sabedoria ascética do despojamento: não se cobrir de honras, de dinheiro, de riquezas, de poder, de glória e outros falsos valores ou virtudes, mas preferir a liberdade, a autonomia, a independência. A escultura de si é arte dessa técnica de construção do ser como uma singularidade livre. O hedonismo não é a mesma coisa que o consumismo, é exatamente o oposto. É o antídoto. O consumismo é o hedonismo liberal e capitalista que afirma ser a felicidade a posse de bens materiais.
De Epicuro a Bentham Perspectiva antiqüíssima a que Epicuro dá nova formulação, quando admite os prazeres morais e não identifica a felicidade com o prazer imediato. Esta senda vai ser retomada pelo utilitarismo de Bentham, para quem há uma graduação da moral. A tese está intimamente ligada ao contratualismo (the greatest happiness to the greatest number is the foundation of morals and legislation), à idéia de que é possível a realização do máximo de utilidade com o mínimo de restrições pessoais, numa perspectiva que reduz o direito a uma simples moral do útil coletivo.
Libertando-se deste critério quantitativo da aritmética dos prazeres, Stuart Mill assume o critério da qualidade e formula a lei do interesse pessoal ou princípio hedonístico: cada indivíduo procura o bem e a riqueza e evita o mal e a miséria. Desta forma, a moral do interesse individual de Bentham aproxima-se de uma moral altruísta ou social. /...»
Zeka - a "Guida" é pessoa boa. Vai além dos bonecos das revistas 'del corazón'. Por isso não leio, nem acedo a informações que desmerecem bondades reais.