É utópico. Poeta. Vive e tem parca/polémica recompensa dos ideais que o fluir dos anos(trans)tornaram em atitudes desligadas do real. Analisa o redor, facto, com filtro de poros largos. Dele o desfasamento sentido pelos concidadãos. É pau na engrenagem poderosa/ política que o teme e nele manifesta descrença como candidato a Belém. Divide em dois o PS. Jaime Gama como putativa opção geradora de maior consenso.
Manuel Alegre de nome, sobrevivente de idos onde pontificaram Natália Correia, José-Luís Ferreira, querido amigo, Vera Lagoa e Helena Roseta entre outros muitos. O Botequim, sito no Largo da Graça, em Lisboa, foi lugar de tertúlia onde as partes/pessoas eram figuras principais. Hoje, transformado na livraria infantil “O Pequeno Herói". Mas quem lembra a mesa do fundo, altar ou tribuna onde os notáveis tomavam assento, retém memórias e estórias que a História não deve esquecer.
Manuel Alegre jamais será o meu candidato presidencial. Cavaco também não – odeio pragmatismos servidos gelados. Cito Jorge Sampaio – “há mais vida além do défice!”. Da coisa/«crise» também. O povo, ignoto como eu, confirma-o.
CAFÉ DA MANHÃ
Tema ouvido pela vez primeira com Manuel Maria Carrilho quando, no melhor tempo dele segundo análise subjectiva - a minha -, em vez da farda intelectual preta e branca, usava ganga e camisa «vaiela» com quadrados.
Poema: António Gedeão Música: José Niza Voz: Adriano Correia de Oliveira
Venho da terra assombrada, Do ventre de minha mãe; Não pretendo roubar nada Nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido Por me trazerem aqui, Que eu nem sequer fui ouvido No acto de que nasci.
Trago boca para comer E olhos para desejar. Tenho pressa de viver, Que a vida é água a correr. Venho do fundo do tempo; Não tenho tempo a perder.
Minha barca aparelhada Solta o pano rumo ao norte; Meu desejo é passaporte Para a fronteira fechada. Não há ventos que não prestem Nem marés que não convenham, Nem forças que me molestem, Correntes que me detenham.
Quero eu e a Natureza, Que a Natureza sou eu, E as forças da Natureza Nunca ninguém as venceu.
Com licença! Com licença! Que a barca se fez ao mar. Não há poder que me vença. Mesmo morto hei-de passar. Com licença! Com licença! Com rumo à estrela polar