Fred Fields
Nesta sociedade que privilegia o conhecimento e contrai o Viver, Bolonha impôs-se. Objectivos primórdios: aumento da competitividade, da mobilidade e empregabilidade dos diplomados pelo ensino superior no espaço europeu.
Realidade do sistema:
- graus académicos facilmente legíveis e comparáveis;
- na essência,composto por dois ciclos - o primeiro, que em Portugal conduz ao grau de licenciado com duração compreendida entre seis e oito semestres, e o segundo traduzido no grau de mestre, com uma duração compreendida entre três e quatro semestres.
- generaliza créditos académicos (ECTS), transferíveis, acumuláveis, independentes da Instituição de Ensino frequentada e do país.
Na aparência, a bondade do sistema parece irrefutável.
Os mestrados são negócio lucrativo. As universidades fazem deles receitas extraordinárias - pagos, superlativamente, à cabeça, ou em dolorosas prestações. 14400 euros pelo grau é facto não raro. Os licenciados saem como pães dos fornos. No ano passado, dez mil a mais do que em 2008.
Se a licenciatura de cinco anos quase equivalia, socialmente, à quarta classe de décadas atrasadas no tempo, a «zipada» em três é análoga à segunda onde eram juntadas letras, mas não fazia coro a tabuada. Raciocínio falacioso, reconheço. Mais do que ensinamentos, a universidade deve fornecer competências. Adiadas do básico para o secundário e deste para a faculdade. Bolonha adia para o mestrado. O doutoramento, pelas bolsas remuneradas, virou emprego que difere a entrada no mercado laboral (in)existente.
Mais que sociedade do conhecimento, tempo de Viver adiado para ‘São Talvez’.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros