Quarta-feira, 27 de Janeiro de 2010

MARIA DO CÉU DA CONCEIÇÃO

Guan Jezu


Mencionaste viagem ao Dubai. Não pelo neo-riquismo parolo ou falso exotismo. Queres sempre ir além: contradições sociais e culturais com o envolvente ou a fantasia.

 

Lembrei-me dela. Mulher linda. Portuguesa. Trinta e dois anos. Não desmente a antiga perfeição física atribuída às hospedeiras de bordo que a multiplicação «pipoqueira» das companhias aéreas desmentiu. Hoje, bonit(inh)as sim, mas, como diz o Pirata-Vermelho de algumas pinturas aqui expostas, semelhantes a chewing gum mastigado. 

 

Meia dúzia de anos no Dubai ao serviço do Projecto Dhaka criado em 2005. Objectivo: Interromper o nó da pobreza atávica no Bangladesh encontrando trabalho para os pais das crianças de rua, enquanto as protege. Modo único de cortar o laço. Foi considerada “Mulher do Ano” pela revista “Mulher dos Emirados” (Emirates Woman).

 

Os acasos são casos da vida. Possíveis futuros. Maria do Céu permaneceu, em escala, 24 horas em Dhaka. Confrontou-a realidade que sabia das notícias, alterada pela experiência. No hotel, indagou o que havia para conhecer. Por resposta:
_ Nada. Só orfanatos.

Quis saber do mundo sem tapetes e luxos. Visitou o orfanato da Mãe Teresa. Num hospital, conheceu adolescente de dezasseis anos, mãe de gémeos, rodeada de inúmeros doentes em macas ou no chão. Companhia suplente: cães e gatos. Higiene nula. Ofereceu-se como voluntária. Rejeitada – pois se os hospitais estavam limpos e nada fugia ao normal, para quê admiti-la? Não desistiu. Engendrou modo de formar e acolher meninos na rua «vendilhando» o possível. Seis meses passados, o namorado cansou-se. Ela persistiu.

 

Compatibiliza "assistente de ar" com humanidade gratuita. Colegas contribuíram e contribuem. Roupas, brinquedos – têm filhos -, amostras de gel, shampôs, papel higiénico subtraídos nos hotéis onde pernoitam são aproveitados.

 

O Projecto Dhaka, iniciado com 39 crianças numa casa alugada, hoje, dá casa, comida, roupa e educação a 600 meninos(as) a cujo voar assiste. Tem creche, escola infantil, primária e secundária, centro dentário. No Catalyst, agregou cerca de sessenta pais. Os filhos ensinam-lhes inglês. Depois, solicita empregos. Consegue. Pais remunerados por trabalho digno permitem que os “meus meninos” possam ter escolaridade até aos 18 anos e formação posterior.

 

Maria do Céu da Conceição sonha abrir orfanato no Brasil para crianças das favelas.

 

Agora, tu:
_ Diz quando. Faz a reserva. Bilhete de ida para mim. Volta sem calendário – quero testemunhar o (im)possível.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

publicado por Maria Brojo às 00:19
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6 comentários:
De zeka a 27 de Janeiro de 2010
Para béns!
Até ao seu regresso ;-)
Voar é bom... e pode ser útil, solidaria mente.
De Maria Brojo a 31 de Janeiro de 2010
Zeka - voo adiado, mas projecto a curto prazo. Voar com finalidades curiosas e solidariedade (pre)vista desde as nuvens ao solo seduzem-me. Mais do que turismo programado. Tão pobre se dele nada além o enriquecer!....
De -pirata-vermelho- a 27 de Janeiro de 2010
Permita que corrija, com o devido respeito- eu falei em mastigadoras de chewing-gum.

Sim, será como a disneyland, o dubayland...
além do excesso doirado e do emblema do dinheiro o que é que há lá para saber?


De Maria Brojo a 31 de Janeiro de 2010
Pirata-Vermelho - solidariedade. Afectos. Chegam como motivações ou são «poucochinhas»?
De António a 29 de Janeiro de 2010
que alento, saber que há vida para além dos milhões do betão

no Dubai, realizou-se há dias o maior evento mundial (http://uaeinteract.com/docs/Irena_summit_begins_today_/39205.htm) de energias renováveis, reunindo governos e os maiores fundos de investimento, com discreta mas (esperemos) relevante presença portuguesa

é claro que há ali tudo o que é artificial mas também campo fértil para a humana fantasia e um projecto de transformação: busca-se a mudança de paradigma na exaustão dos recursos energéticos, para o efeito envolvendo muito avultados investimentos

oxalá o progresso dignifique os seres humanos que lá vivem e trabalham


De Maria Brojo a 31 de Janeiro de 2010
António - mudar paradigmas é projecto dos idealistas/utópicos como eu.
Tento atentar nas atenções que os povos e o humano, individualmente enquadrado, merecem.
Seja esquecido o luxo quando a miséria subsiste.
Generosa? Nem por isso. Antes egoísta pelas satisfações que neste particular necessito.

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