Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 2010

'SURFAR' NAS ATRACÇÕES

Billy DeVorss


Queixa feminina. Generalizada. “Poucos homens merecem segundo olhar. Rodando o ângulo de visão, de raro em raro, aparece um. Pela certa, gay.” Sorte minha: machos belos, às primeiras, não me fazem o género - prefiro feios/bonitos. Despertam curiosidade, apelo ao mais saber, fogem dos estereótipos consagrados no in & out. Se conjugam inteligência, humor e optimismo incrédulo, a rendição ameaça. Sempre fui assim. Tarde para mudança. Alterar gostos somente alicerçados em solo e aço de qualidade indiscutível, credenciada pela subjectividade irracional. Contradição? Era lá capaz de sobreviver sem desafios/incoerências que engendro? Não! Nope!

 

Raridade: em menos de uma semana, vi dois homens divinos pelo continente – do conteúdo/espírito nada sei. Um atravessou a zebra em frente do carro parado pelo semáforo. Passado, passei e desandámos. O segundo em lugar pouco recomendável: oficina perita, como todas, na arte do bem roubar (tradução literal: lugar para reparações automóveis). O homem possuía aquele «não sei bem», ‘je ne sais pas quoi’ no original aprendido. Unidos pela ânsia de ser devolvida viatura sem barulhos extra. Ele afadigado no espreita debaixo da lata suspensa. Eu relatava o raspar, direito, a mais de oitenta e em quinta. Pastilhas dos travões, fora de causa – mudadas há um mês. Sem resolução conveniente o achaque dele. Banal, a lamúria do meu. Cada um entretido com diagnóstico isento de palpação ou estetoscópio – suficientes funcionários com olhos e ouvidos de lince. Desolado, levou o cabrio. A pé, subi a rampa, táxi à vista, e volvi a casa. Pelas cinco, busquei o pertence.

 

Atentando nos espécimes destacados, concluí que a embalagem fazia parte dos anónimos encantos. Frivolidade evidente. Minha. Nossa. De algumas mulheres. Similar deve suceder com alguns eles: ou somos «boas» num relance, ou integramos o lote das ferramentas remetidas para canto obscuro na arrecadação. Nem isto: apagadas do registo, tal qual faz o feminino. Constato: o ver importa se aliado ao ouvir de «ler» o outro. Tomar a dianteira, ele ou ela, marca diferença. Problema: somos uns tímidos do «caraças»! Insensatos pela sensatez excesso. Conclusão: ainda bem!, ou seria fácil demais ‘surfar’ nas ondas químicas das atracções.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 06:24
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26 comentários:
De zeka a 18 de Fevereiro de 2010
xarope - solução António: "e eu sou melhor que nada"

(a baixo sen satez in ex cescso out)

http://www.youtube.com/watch?v=bzhLamrxacE

http://www.youtube.com/watch?v=frsavKHAUXM
De Maria Brojo a 19 de Fevereiro de 2010
Zeka - abaixo e acima
De -pirata-vermelho- a 18 de Fevereiro de 2010
Ena, ganda escrita! Ganda teatro do quotidiano.
Quem me dera ser exquis...

Qual cabrio, pode-se saber?
A ver se é mais bonito qu'o meu.
De Maria Brojo a 19 de Fevereiro de 2010
Pirata-Vermelho - se é mais bonito que o seu, não sei. Ao que tive ficava muito a dever.
De António a 18 de Fevereiro de 2010
ena, tanta química...

nã disse c'o inverno s'admorava?





ps - agora por químicas (químicas de fórmulas, causa-efeitos e isso, não propriamente gente...) apareceu agora um anúncio a certa (sim, que também não vou em cantigas) marca de cerveja que procura (bom, é claro que consegue mas eis o ponto...) realçar o novo sistema "abre-fácil" das garrafas, associando o "basta puxar" das caricas ao robe escancarado de uma modelo de quem nem se vislumbra o rosto; há não muito tempo, da mesma desdita marca, circulavam carrinhas com o slogan "trabalhamos sob pressão", que parecia a opção pelo recurso à inteligência ou pelo menos ao subtil de um dito espirituoso que propicia o relacionamento do atarefado que é a circulação urbana e a logística das entregas com a mística da imperial, fino ou cerveja "à pressão", enfim, um encanto de publicidade, baseada na possibilidade de captar a atenção do consumidor para além do estafado "mais olhos que barriga"; mas afinal, depressa retomaram o rumo da vida fácil que algumas agências de publicidade parecem preferir, resta saber se por serem boçais os seus criativos ou se por presumirem - será que o pessimismo sobre a natureza humana é mesmo o fim da história? - boçal o público-alvo do produto anunciado, caso é que vá de recorrer a mulheres nuas e ao hipertrofismo das respectivas glândulas para venderem toda e qualquer espécie de artigo, seja casas, cervejas, automóveis ou limpa-soalhos!



De -pirata-vermelho- a 18 de Fevereiro de 2010
A publicidade reflecte o gosto geral -mediano, urbano, variando o 'estilo' ou leit-motiv conforme o sector_alvo- e reforça-o, ao gosto e reiniciando o ciclo. Daí a boçalidade; os criativos são gente comum embora mais atenta e sensibilizada para aquele mecanismo.
O seu PS vale mais que os outros comentários todos.
Talvez acorde quem não olha ou nega o efeito degradante a que sou sujeito (não digo 'somos' para não me chatearem...) pela complacência.
De zeka a 18 de Fevereiro de 2010
a química da sobrevivência leva (-nos) aos limites da cria tividade.

a história destes é uma boa ilustração

http://www.riechmichund.com/de/

perfumes para todos os gostos
http://psycholoco.wordpress.com/2009/04/27/vulva-o-perfume-com-cheiro-de/
De Maria Brojo a 19 de Fevereiro de 2010
António - tudo serve, caríssimo, se o lucro está em em causa.
De zeka a 18 de Fevereiro de 2010
xaropada - please help, george

http://www.youtube.com/watch?v=8pHdQabdp4E
De zeka a 18 de Fevereiro de 2010
re ceita - química, fome, desculpa, ...

http://www.maxima.pt/0605/inti/100.shtml
De Ana a 18 de Fevereiro de 2010
"... não pertence, afinal, ao terreno das emoções, mas é uma interacção de substâncias no cérebro."
De António a 19 de Fevereiro de 2010
mas será tanto assim, querida Ana?

ó pois vejemos, que analisar não custa, o que é difícil é (ai, as emoções!...) decidir:

primeiramente, a distância, aliás eventual ou mesmo condicional, entre o primeiro e um hipotético ou quem sabe se já racionalizado segundo olhar pode esgotar-se num infinitesimal instante, perdurar num lapso acidental ou deliberado como numa busca persistente ou mesmo atormentada, ou nunca ser completamente percorrida se acaso habitar o desígnio do inconsumável

segundamente, basta volver a Aristóteles para indagar fundo na dúvida da suficiência sobre o "quê" de que as coisas são feitas (a causa material) para as conhecermos, compreendermos ou explicarmos, porquanto faltará apreender-lhes a essência (uma espécie de "como" ou causa formal) e, fora delas, encontrar-lhes a dinâmica do que ou de quem as fez, o que de facto principiou (a causa eficiente) o movimento gerador, bem como a razão de ser, o fim ou causa final que será o destino para que servirá, ou seja, muito resumidamente, saber que seriam substâncias, ou mesmo quais, seria ainda um saber muito incompleto que porventura serviria escassamente ao domínio da paixão; mas, ainda

terceiramente, e para voltar à química (a dos químicos e... - ma come non? - das químicas) importa, Bem, saber se alguma vez algo obstou à participação de substâncias, segregadas ou induzidas, no processo emocional - é que se choramos, decidimos ou nos sentimos de algum modo gratificados por causa (e com) das emoções, certo é que somos envolvidos pelo circunstancialismo que nos rodeia e se nos apresenta, mas também por todo um aparato interno de que somos constituídos, em carne e osso como em memória, a imediata, incluindo a instintiva e a funcional mas também a emocional (é um processo circular!) e ainda a genética (há componentes hereditárias em certas respostas que constituem uma memória ancestral, prévia e até específica...) ou seja, envolvendo mesmo a nossa personalidade e os seus suportes anímicos e físicos, bem como tudo o que nos alimenta as expectativas, a crença na gratificação ou na realização de finalidades instintivas ou, convém dizer, sociais e até morais ou éticas - procriar pode ser entendido ou sentido como um imperativo categórico legitimador do emparceiramento/acasalamento/enamoramento para prover à suprema ratio da continuidade da espécie, não constituindo obviamente a sua única razão de ser; com isto proponho, tão só, que o próprio esqueleto participa no processo emocional - e na paixão - tal como, mais compreensivelmente evidente, as ligações neuronais e todo o sistema nervoso, cada sinal eléctrico, cada ião, os humores (ah ah, os humores que também poderão estar na origem de estados de humor - e de paixões) e portanto as mais diversas substâncias - que não custa imaginar "dirigidas", salvo desviâncias, pela poderosa batuta da testosterona ou pelo rolo compressor do estrogéneo

aliás, quem não sabia já do autêntico milagre da ocitocina?

enfim, sejam então atendidas as reivindicações das substâncias, sendo certo que tal nada retira à inviolável humanidade de uma paixão nem ao acervo incomensurável do nosso verdadeiro eu, íntimo, humano, de consciência variável, invariavelmente trabalhando na perfeição para fazer actuar as leis do acaso a par do sentido de destino que julgamos ou queremos transportar no momento em que, oxalá, somos tocados pelo impagável mistério da paixão

e então mais assim, podia ser?

;_)))






ps - omitida por bem a espiritualidade (seja o transcendente, o imanente ou a fé) reservada que é a esferas diversas da conversa de passadeira ou oficina, sem desprimor, que muito se pode passar ou arranjar por essas vias, assim nelas se encontrem almas despertas e aptas ou ávidas a nobres caminhos e obras
De Ana a 19 de Fevereiro de 2010
Por ser assim tanto mais!
Porque...tenho para mim que a paixão seja momento do terreno das emoções e estas indutoras da química, tal como serão o ódio ou a raiva ou o orgulho. Por isso me detive na observação da antropóloga Helen Fisher. Tomei um chá e deitei-me aos pensamentos com a certeza de não ter a capacidade de contrariar o expresso no artigo.
Creio na hercúlea sobreposição da razão às emoções podendo assim entrar-se, num percurso de construção ou até de criatividade ou até de melhor acerto de passo com a Vida.
De zeka a 20 de Fevereiro de 2010
Será que 'viu' o mesmo que eu?

«O certo é que segundo Helen Fisher , uma das mais reputadas antropólogas norte-americanas e professora na Rutgers University , a química tem mesmo um papel a desempenhar quando se ensaiam relacionamentos homem/mulher. No seu último livro, intitulado Why We Love : The Nature and Chemistry of Romantic Love , a investigadora defende que aquilo que se convencionou chamar de paixão não pertence, afinal, ao terreno das emoções, mas é uma interacção de substâncias no cérebro.

“Para Helen Fisher , esta paixão avassaladora funciona, em termos evolutivos, enquanto garantia de propagação da espécie, pois a atracção e o desejo pelo outro é tão fulminante que acaba em contacto sexual”, explica a sexóloga Paula Pinto, adiantando que, segundo a antropóloga, isto não passa de um instinto humano e tão forte como, por exemplo, a fome. Há um impulso incontrolável para a relação, derivado de mudanças em termos químicos”, adianta a terapeuta. Animalesco? Se calhar por isso a investigadora norte-americana deu-lhe o nome suave de amor romântico.

E o que é isso de amor romântico? “Uma das mais poderosas forças existentes no mundo”, sentencia Helen Fisher . Ou seja, é aquilo a que nos habituámos a chamar de paixão. “Há uma tremenda explosão de energia, de interesse em estar com o outro. Uma euforia quando as coisas correm bem, um desespero terrível quando vão mal. Não se consegue deixar de pensar no outro. Há uma tendência para a obsessão, para a procura compulsiva”, explica a sexóloga Paula Pinto.

Por que nos sentimos fatalmente atraídos por determinada pessoa? Helen Fisher tenta uma resposta: “Normalmente, as pessoas apaixonam-se por alguém com quem interagem, mas, sobretudo, por alguém que considerem misterioso. Depois, a maior parte interessa-se por pessoas com o mesmo background sociocultural e com atitudes, expectativas e interesses paralelos.”
Fundamental também, segundo a autora, é o nosso mapa amoroso. “Crescemos num mar de experiências que moldam as nossas escolhas românticas. Milhares de forças subtis, e invisíveis, constroem os nossos interesses, valores e crenças amorosas”, escreve. Daí que, como explica Paula Pinto, quando encontramos alguém que encaixe nesse complexo puzzle, o mecanismo da atracção química desperte. “Então, mergulhamos verdadeiramente de cabeça no outro.”

Viciados na paixão
“O amor romântico é uma droga viciante”, afirma Helen Fisher , explicando que apresenta todos os sintomas. “À medida que o tempo passa, o que se sente atraído quer cada vez mais a outra pessoa, ao ponto de ser tomado pelo desejo incontrolável e acabar a fazer coisas impensáveis.” Por isso mesmo, explica a sexóloga Paula Pinto, quando há uma ruptura inesperada, pode surgir a depressão. “Se existe uma relação de dependência e, de repente, falha o objecto de adição, é quase como a síndrome de privação de um toxicodependente. Falta ali qualquer coisa que impede a pessoa de fazer o seu dia-a-dia normalmente. Isso está ligado aos níveis químicos no nosso cérebro.” Daí que Helen Fisher aconselhe, nesses casos, a que o abandonado se desfaça de tudo o que lhe faça lembrar o outro, bem como a acabar com todos os contactos, saindo e distraindo-se com os amigos.


Da atracção à protecção
Para Helen Fisher , existem três tipos de impulsos recionais entre homens e mulheres. Segundo a investigadora, todos eles podem existir simultaneamente num indivíduo, embora o ser humano só consiga lidar com um amor romântico de cada vez, tal a sua intensidade e perturbação que provoca.

• Luxúria – É o puro impulso sexual. Uma pessoa relaciona-se com a outra só pelo prazer em si mesmo. Busca-se aqui uma satisfação mais física, que não passa nem pela paixão nem pelo enamoramento.
• Amor romântico – É a paixão tradicional, em que se perde a noção de si mesmo, pensando-se obsessivamente no outro e no desejo que ele causa. Há uma euforia e uma energia transbordantes. É uma espécie de estado de graça.
• Apego – É uma fase mais calma, normalmente seguinte ao amor romântico, que permite uma estabilidade emocional propícia ao cuidar dos filhos. Aqui destacam-se emoções como a afeição e a vontade de proteger os seres amados.»
De zeka a 20 de Fevereiro de 2010
Então, depois deste ex tenso 'papo'... mais uma re ceita com pensa dora :

http://www.slideshare.net luciano.ob o-alfabeto-emocional-dr-juan-hitzig-presentation
De zeka a 20 de Fevereiro de 2010
Nem com serotonina

este deve ter o código completo ;-)

http://www.slideshare.net/luciano.ob/o-alfabeto-emocional-dr-juan-hitzig-presentation
De Maria Brojo a 19 de Fevereiro de 2010
Zeka - tudo serve! Copiei as sugestões. "Merci bien, mon cher".
De cursos gratis a 18 de Fevereiro de 2010
Eu amo esse vídeo dela cantando :)
De Maria Brojo a 19 de Fevereiro de 2010
Cursos Grátis - que bom!
De amigos do concelho de aviz a 18 de Fevereiro de 2010
É em defesa da cultura que convido todos os interessados a participarem nos VIII Jogos Florais de Avis, uma iniciativa dos Amigos do Concelho de Aviz – Associação Cultural e cujo regulamento pode ser consultado em: www.aca.com.sapo.pt
Fernando Máximo
De Maria Brojo a 19 de Fevereiro de 2010
Amigos do Concelho de Aviz - obrigada pela visita e divulgação.
De carlos a 18 de Fevereiro de 2010
Muito legal este blog
De Maria Brojo a 19 de Fevereiro de 2010
Carlos - pela quarta vez, obrigada.
De PLANES DE SEGURIDAD a 19 de Fevereiro de 2010
Parabens pelo destaque no blogs
De Maria Brojo a 19 de Fevereiro de 2010
Planes de Seguridad - não o tivesse escrito e ficaria sem saber. Obrigada!
De António a 20 de Fevereiro de 2010
Ana - então seja ;_)))

mas se muitas sobreposições são por sua vez sobreponíveis, também razões e emoções nem sempre se antagonizam, há tempo e lugar para vivências complementares ou justapostas

mas no que toca à atracção, a que respeita a crónica, a razão terá papel porventura modesto e assim bem

e do que desencadeia resta saber se razão e emoção se distanciam ou fundem - sendo que nada lhe retira a virtualidade de proporcionar a oportunidade, seja de um segundo olhar ou do prolongamento do primeiro, seja da intuição ou da reflexão, seja do esquecimento ou da memória. da ausência ou da presença, da omissão ou da participação e, ao menos neste caso, da paixão ou do amor

ma come non?

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