Autor que não foi possível identificar e Nataly Kimmel
John Stone
Mercados não faltam. Poucos os limitados por ferro forjado. Final do século IXX, e passados ¾ do vigésimo, mercar naqueles mercados era tarefa de mães de família zelosas ou empregadas vigiadas, até ao tostão, no ‘leva e traz’. Na “Grande Alface”, o de Santa Clara é, por ora, lugar ermo; o da Ribeira o que é. Nas cidades do interior e nalgumas dos Algarves, Loulé e Tavira como exemplos, logo depois das matinas, entre ferros e vidros, peregrina clientela em romaria certa - procura o mais barato e o melhor dos frescos. Perdido o aciganado regateio. Tradição e jogo: equivalente a lotaria ou euromilhões, era garoupa a bom preço após o "só levo se fizer desconto", "ai minha rica que não posso", "então fica", "volte!", "ande cá". Na salsada de aromas e cores e prometidas delícias que a vista enxerga, apetece enfiar no porta-bagagens o “mercado inteiro”. Tenho amiga assim: _ Embrulhe a montra. Toda, se faz favor.
Em Madrid, pouco falta para um ano, "reabriu o Mercado de San Miguel. Acrescentou à tradição, massas frescas, sushi, tapas, ostras, lojas gourmet, livraria. Disseminadas, mesas para abancar. Para fruir de cañas e pinchos."
Palete de cañas ou similares deve faltar aos dirigentes sitos em Pequim. Má altura para ameaçar Obama com tensões escus(ad)as. Esticadas pelo rendez-vous com o Dalai Lama, mais oceano de acompanhantes. Venda de armas dos EUA a Taiwan e a denúncia de terrorismo virtual contra empresas norte-americanas, não auguram salamaleques vindos dos corações made in China ou in USA. Por ser dito nos mercados e daqueles que os frequentam que pessoa baixada em demasia às vistas expõe o rabo, adiar, vez segunda desde Novembro, conferência com o Dalai Lama seria subserviência insuportável. A Clinton encarregar-se-á do papel diplomata de rainha madrasta. Salva a tradição!
o jovial Obama baixou-se expressivamente perante Suas Reverendíssimas o Imperador do Japão, e sua Esposa - já que é Imperador, dobra-se um bocadinho a língua e aplica-se a maiúscula, extensivamente à respectiva - o que suscitou reclamações, sobretudo de quem não faz reverência à cortesia devida a quem representa e simboliza uma venerável Nação
ou seja, relativize-se, alvitro, o dobrar da espinha, um bocadinho ou um pouco mais, quando estamos ante o Akihito ou alguém de Bem - e Mal fica olhar à escatologia baixa do elevado gesto
agora, dois Nobel-agraciados encontram-se em cavaqueira e reafirmam, como nunca o é demais, a justiça devida aos direitos humanos dos Tibetanos e à integridade da sua cultura, tradições e religião - ora bem, se um Nobel da paz incomoda muita gente, dois Nobel da Paz incomodam muito mais, e os Chineses são literalmente muita gente
vai daí, interpõe-se o abominável tema das relações China-EUA, aliás essencialmente creditícias mas também passíveis de avaliação sob os pontos de vista dos mercados a conquistar, do braço-de-ferro político-militar ou do mero arreganho de poderio ou da sua aparência e é por causa das aparências que o Dalai Lama saiu do dito encontro pelas traseiras da Casa Branca, o que não honra ninguém mas tal como para Gandhi ou Mandela, pouco relevarão os mais ou menos omnipresentes escolhos dos caminhos quando se trata da marcha da persistência, da paciência e da paz